Sudão suspende sua adesão à IGAD
Kampala, Uganda - O Governo Militar sudanês anunciou sábado último suspender a sua adesão à Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD, sigla em inglês) por esta ter realizado uma reunião sobre a crise sudanesa há dias a despeito da supracitada decisão do Sudão, soube a PANA de fonte oficial.
E como se não bastasse, o Governo Militar Sudanês pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para considerar as Forças de Apoio Rápido (FSF, sigla em inglês) como uma "organização terrorista" e tomar medidas punitivas contra os países que as apoias.
Este apelo segue-se a um novo relatório de um grupo de peritos das Nações Unidas sobre o Sudão, que corrobora alegações de responsáveis sudaneses e relatórios da imprensa segundo as quais as FSF estão a ser abastecidas pelos Emirados Árabes Unidos via Tchad e Líbia, segundo Sudan Tribune, jornal sudanês.
O relatório, de 47 páginas, enumera crimes contra a humanidade, crimes de guerra cometidos pela FSF e por milícias árabes aliadas em Darfur, conturbada região ocidental do Sudão.
"Só em El Geneina (capital de Darfur Ocidental), entre 10.000 e 15.000 pessoas foram mortas", lê-se no mesmo documento.
Sudan Tribune cita uma declaração publicada sábado último pelo Ministério sudanês dos Negócios Estrangeiros, que condena a prossecução do abastecimento de armas de ponta às FSF pelos Emirados Árabes Unidos e por outros países que não especificou.
O Ministério afirma que este apoio permite às FSF alargar as suas operações militares, cometerem atrocidades contra civís e prolongar a guerra no Sudão, que começou por uma luta pelo poder entre os dois generais sudaneses.
Segundo Sudan Tribune, o Ministério criticou igualmente a "lentidão da reação da comunidade internacional faze à situação no Sudão, consideranto que esta reticência para tomar medidades decisivas contra as FSF contribui para a prossecução da guerra e o sofrimento de milhões de sudaneses.
O documento denunciou igualmente redes de financiamento e sociedades comerciais das FSF, defendendo ainda a obrigatoriedade de pedir contas às sociedades que lhes fornecem apoio em matéria de relações públicas de propaganda.
O Governo sudanês sublinhou a necessidade de se implementar plenamente a Declaração de Jeddah (Arábia Saudita) sobre os princípios humanitários assinado a 11 de maio de 2023.
Apelou a todas as partes em conflito no Sudão para respeitarem esta declaração e pautarem por um cessar-fogo.
Porém, várias tentativas para se pôr cobro a esta guerra fracassaram devido à intransigeência dos dirigentes das partes beligerantes.
A guerra já fez milhares de mortes, deslocou milhões de pessoas das suas casas, semeou a destruição de infraestruturas e resultou em atos de violência sexual e sexista odiosos, mergulhando o país numa grave crise humanitárias.
-0- PANA MA/BAI/JSG/SOC/DD 22janeiro2024