Estado recupera controlo financeiro da transportadora aérea cabo-verdiana
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Estado cabo-verdiano vai recuperar o lugar executivo no Conselho de Administração e o controlo financeiro da companhia aérea nacional TACV, nos termos de um acordo a celebrar com os investidores islandeses da Loftleidir, apurou a PANA de fonte oficial.
O acordo foi anunciado sexta-feira, na cidade da Praia, pelo ministro cabo-verdiano do Turismo e Transportes, Carlos Santos, que falava durante uma conferência de imprensa sobre o dossiê dos transportes aéreos de Cabo Verde.
O governante explicou que este novo acordo vai permitir desenhar uma “solução robusta” para salvar a empresa e prepará-la para reiniciar as operações, que estão suspensas desde março de 2020, devido à pandemia da covid-19.
Segundo ele, o acordo entre os acionistas, o Estado e a Loftleidir/Grupo Icelandair será rubricado nos próximos dias e irá substituir o anterior que foi assinado, em 2017, embora algumas das cláusulas irão manter-se.
Para tal, o Conselho de Administração será constituído por cinco administradores, sendo três nomeados pela Loftleidir/Grupo Icelandair e dois pelo Governo, um dos quais será administrador executivo, com o pelouro financeiro, e terá poderes amplos para a aprovação de todos os pagamentos na empresa.
Por outro lado, as decisões estratégicas, designadamente, como as rotas, os Business Plans da empresa, passarão a ser aprovadas por maioria de 4/5.
”As empresas e entidades associadas aos dois acionistas de referência e que sejam credoras da TACV deverão reduzir a dívida da empresa, permitindo um desafogo financeiro desta e, paralelamente, negociações com outros credores estão em andamento, procurando o mesmo objetivo”, apontou.
O ministro avançou que, com a entrada em vigor do acordo, os três contratos de leasing darão lugar a dois e, consequentemente, a frota passará a ser composta por duas aeronaves, e os prazos de validade dos referidos contratos serão reduzidos para um ano.
Carlos Santos disse ainda que, com este novo acordo, a empresa deverá, nos próximos 12 meses, recentrar os seus objetivos, metas e o mercado-alvo direcionado para as rotas de acolhimento dos emigrantes cabo-verdianos e os países emissores de turistas, designadamente, Portugal e Estados Unidos.
Para implementar essas medidas, ele revelou que o Estado vai injetar quatro milhões de euros, (cerca de 440 mil contos cabo-verdianos) na empresa para o reinício das operações e para financiar parte do saldo operacional negativo estimado num período de cinco meses.
Em relação às negociações entre a empresa e os trabalhadores, adiantou que o assunto está a ser analisado pelo Conselho da Administração, que neste momento está também a negociar a dívida com os credores e fornecedores.
Na ocasião, avançou que o primeiro dos dois aviões deverá chegar na próxima semana.
Em agosto de 2017, deu-se início a uma parceria entre o Estado de Cabo Verde e o Grupo Icelandair, apresentado na altura como “um grupo com experiência internacional reconhecida e com know-how em matéria de aviação comercial”.
Em março do ano passado, antes da suspensão dos voos internacionais para Cabo Verde, a transportadora contava com cerca de 330 trabalhadores e uma frota de três aeronaves do tipo Boeing, com rotas para África, América e Europa, a partir do 'hub' instalado na ilha do Sal.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51 por cento da então empresa pública TACV por 1,3 milhão de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70 por cento pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30 por cento por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
Atualmente, permanece no Estado cabo-verdiano uma quota de 39 por cento do capital social da companhia aérea e 10 por cento entre emigrantes e trabalhadores
-0- PANA CS/IZ 28fev2021