Cabo Verde produz por dia sete mil metros cúbicos de águas residuais
Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde já produz sete mil metros cúbicos de água por dia através das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), anunciou o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.
Segundo o governante que falava terça-feira na cidade da Praia com a imprensa, este número vai ao encontro dos objetivos que se pretende alcançar com o sistema de saneamento de água que se instalou nos centros urbanos do país, com o destaque para a cidade capital, onde se produz cerca de três metros cúbicos por dia.
Acrescentou que este facto demonstra que a água residual tratada em Cabo Verde não é “negligenciada” e que, com os investimentos que vão ser feitos nos próximos tempos, até 2021, vai haver o aumento da água na rede e, por conseguinte, o aumento dos efluentes (resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais).
“Vamos ter muito mais água residual tratada e muito mais recursos neste domínio e convém prepararmo-nos bem para a sua atempada reutilização”, acrescentou o ministro.
O país atualmente conta com 11 ETAR, estando em funcionamento nove, sendo que as de Palmarejo e Ribeira das Vinhas representam cerca de 65 por cento a 70 por cento do total dos efluentes.
Em agosto último, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) anunciou que vai implementar, em Cabo Verde, um projeto-piloto que ira permitir a utilização de águas residuais, após tratamento, para agricultura, como forma de mitigar os efeitos da seca que afeta o arquipélago cabo-verdiano.
De acordo com informação prestada por fonte do escritório da FAO em Cabo Verde, este projeto-piloto tem componentes no Mindelo, ilha de São Vicente e no Tarrafal, ilha de Santiago, irrigando dois hectares de terreno, e um investimento global de 390 mil dólares.
No Mindelo, o projeto de utilização de águas residuais tratadas sem risco na agricultura está a ser implementado na ETAR de Ribeira de Vinha, permitindo assim tratar 50 dos mil e 500 metros cúbicos, diariamente produzidos naquela central.
“O projeto-piloto de tratamento de águas residuais funcionará com recurso a energias renováveis, com a instalação de painéis solares”, indica a fonte.
“O objetivo é utilizar a água tratada na produção de culturas hortícolas sem qualquer risco de contaminação, abrangendo assim 11 beneficiários diretamente e, indiretamente, toda a população rural, que terá disponível uma nova tecnologia de tratamento de águas usadas", anuncia a FAO.
A instituição garantiu que a água produzida pelo projeto-piloto será segura e que respeitará os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), financiador deste empreendimento, cuja entrada em funcionamento acontece até ao final do ano em curso.
"Cabo Verde possui um clima tropical seco, as precipitações são fracas ou nulas, os recursos hídricos são limitados e as secas são cada vez mais frequentes e/ou cíclicas, pelo que as águas residuais tratadas são recursos que podem ajudar a minimizar os problemas de carência de água para a agricultura e a floresta", sublinha a FAO.
Na ETAR de Ribeira de Vinha, referiu a fonte, esta empreitada vai abranger sete das 90 parcelas dos 30 hectares agrícolas de “Txon d’Holanda”, área desenvolvida também com a contribuição de outros projetos financiados pela FAO.
“Numa perspetiva integrada, será ainda garantida a capacitação de agricultores e de técnicos das Câmaras Municipais e do ministério do Ambiente nos dois concelhos, no âmbito do aproveitamento com qualidade das águas residuais, com recurso a novas tecnologias”, de acordo com a FAO.
-0- PANA CS/DD 11set2019