Agência Panafricana de Notícias

África perde $ 1,7 trilião devido à fuga de capitais

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – África perdeu 1,7 trilião de dólares americanos devido à fuga de capitais entre 1970 e 2010 através de fraudes, de repatriamentos de fundos geridos pelas multinacionais petrolíferas e de fundos consagrados às universidades estrangeiras e à saúde.

Esta revelação foi feita por peritos em Addis Abeba, em prelúdio a uma reunião dos ministros africanos das Finanças e pelos Governadores dos Bancos Centrais quarta-feira em Addis Abeba, consagrada às discussões sobre as políticas necessárias a fim de parar o fluxo ilegal e excessivo de capitais africanos para paraísos fiscais no mundo inteiro.

Um professor de Economia na Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, Leonce Ndikumana, disse que os principais beneficiários da fuga maciça de capitais são os paraísos fiscais e os reguladores do sistema financeiro mundial.

"Em termos reais, 39 países africanos perderam 1,3 trilião de dólares americanos, todavia com os juros gerados durante este período, a perda combinada eleva-se a 1,7 trilião de dólares americanos», disse à PANA Ndikumana.

Afirmou que a grande quantidade de dinheiro perdido pelos países africanos nas transações ilícitas tem graves consequências económicas no continente.

"Estes montantes reduzem o investimento privado, aumentam a perda de receitas fiscais para financiar os investimentos públicos minando a governação e dando-lhe uma imagem negativa perante os cidadãos”, acrescentou.

Esta reunião é organizada pelo Consórcio para a Pesquisa Económica em África (CREA), um grupo de reflexão baseado em Nairobi, no Quénia, para dar aos principais decisores financeiros do setor uma visão do estado da fuga dos capitais e estudar os meios de pôr termo a isto.

O secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para a África (CEA), Carlos Lopes, disse que medidas, cuja coordenação através das fronteiras em África e no mundo, são necessárias para se acabar com a saída do dinheiro de tesouraria de África.

Sublinhou que a maioria dos fundos é transferida através de operações efetuadas clandestinamente por um país terceiro antes de chegar a um paraíso fiscal, além da implicação dos reguladores financeiros locais.

"As respostas individuais à fuga dos capitais não são suficientes mesmo para os países mais desenvolvidos", indicou Lopes.

-0- PANA AO/SEG/AKA/AAS/IBA/CJB/DD 10abr2014