Cabo Verde autoriza grupo norueguês a produzir atum em aquacultura
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Conselho de Ministros de Cabo Verde autorizou o Ministério do Mar a concessionar uma área na orla marítima, com 56.000 metros quadrados, e outra no mar, com 180.000 metros quadrados, a um grupo norueguês, para permitir a atividade de uma unidade de produção de atum em aquacultura na ilha de São Vicente, apurou a PANA de fonte segura.
A concessão de ambas partes integrantes do domínio público marítimo, na Praia de Flamengo, a favor da Nortuna Holding CV, empresa do grupo norueguês Nortuna, para implementar o "Nortuna Atlantic Blue Fin Tuna", tem a duração de 50 anos.
Em contrapartida, segundo a mesma fonte, o grupo privado ficará obrigado a pagar uma contrapartida financeira anual "nos termos do contrato de concessão a ser assinado" com o Estado cabo-verdiano.
A primeira fase da instalação daquela unidade de produção de atum em aquacultura na ilha de São Vicente arrancou em março último, prevendo gerar 400 empregos até 2023.
Segundo uma informação divulgada pela Cabo Verde Tradeinvest, entidade pública responsável pela captação de investimento estrangeiro para o arquipélago, os trabalhos que envolvem a construção do empreendimento em terra já decorrem no vale do Flamengo.
Implementada pelos noruegueses da Nortuna AS, aquela unidade prevê ser das maiores exportadoras de Cabo Verde em três anos, quando atingir a marca de 10.000 toneladas de atum-rabilho do atlântico (Atlantic Blue Fin Tuna ou ABFT) produzidas em aquacultura localmente.
De acordo com a informação que consta do Estudo de Impacto Ambiental para a instalação do "Atlantic Blue Fin Tuna Farming", a primeira fase implica um investimento de 2,5 milhões de euros, que se somam a seis milhões de euros no programa de pesquisa e desenvolvimento sobre a espécie ABFT.
Esta primeira fase prevê a montagem do processo de incubação e produção de biomassa para atum rabilho ao longo deste ano, seguindo-se a expansão e processamento no primeiro trimestre de 2022, e depois o início da produção em larga escala, bem como a transformação daquela espécie, entre 2023 e 2024, que será a terceira e última fase do projeto.
"O projeto de aquacultura que a Nortuna pretende implementar em Cabo Verde tem por base oito anos de atividades de pesquisa realizadas pela empresa", lê-se num estudo de impacto ambiental.
O atum-rabilho (Thunnus thynnus), que pode ultrapassar os 200 quilogramas por peixe, é considerado o "rei" do sushi e apresenta, recorda a empresa, o valor mais alto de mercado, com o Japão a garantir 60 por cento das compras.
Trata-se de uma espécie classificada como ameaçada e o excesso nas capturas no Atlântico e no Pacífico levou várias empresas a apostarem em produção certificada através de aquacultura.
A primeira fase deste projeto arranca agora com a previsão de criação de 12 postos de trabalho, que sobe para 92 empregos na segunda fase e para 400 empregos até 2024, com o pleno funcionamento de uma "fazenda 'offshore'" no mar cabo-verdiano, para produção daquela espécie de atum em aquacultura.
A primeira fase, de piloto, envolve a construção das zonas de incubadoras e de montagem dos equipamentos que definem o processo de incubação e de teste, tendo já a capacidade de produção de até 300 toneladas por ano.
A segunda fase já comporta o cultivo da espécie ABFT na baía - aquacultura no mar - de Flamengo "em larga escala", cujo volume de produção estimado se situa entre 8.000 e 10.000 toneladas por ano.
-0- PANA CS/DD 30junho2021