Jornalista togolês em detenção vigiada em Lomé
Lomé, Togo (PANA) - Um jornalista togolês está em detenção vigiada em Lomé, desde terça-feira última, soube a PANA de fonte oficial.
Trata-se de Apollinaire Mewenwemesse, de 71 anos de idade, diretor de publicação dum semanário, designado La Dépêche (Notícia), detido logo depois da sua convocatória terça-feira última pela Brigada de Busca e Investigação (BRI), sob a tutela da Direção-Geral da Polícia Nacional (DGPN), segundo fontes próximas da imprensa em Lomé.
É acusado de "ultraje ao chefe do Estado", "difamação aos corpos e tribunais", "uso de documentos falsos" e "difusão de falsas notícias para fins de sedição", segundo as mesmas fontes.
Também se faz menção a um artigo, da sua autoria, publicado a 28 de fevereiro último, consagrado ao assassinato dum coronel, Toussaint Bitala Madjoulba, então comandante da Primeira Brigada de Intervenção Rápida (BIR), ocorrido a 4 de maio de 2020, no seu gabinete no Campo Militar em Lomé.
A 8 de março corrente, o agora ex-patrão da Primeira BIR foi inumado na sua aldeia natal, Siou, no norte do Togo.
As fontes evocaram ainda um artigo publicado por Mewemenesse sobre a acusação dum general, Abalo Félix Kadanga, ex-chefe do Estado-Maior do Exército e de outros elementos do Exército, bem como a sua condenação a penas pesadas de prisão, em novembro de 2023, por un tribunal militar.
O artigo em apreço, intitulado "Se o general Félix Kadanga Abalo fosse o a capitão Dreyfus do Togo ?", publicado a 28 de fevereiro último, não agradou as autoridades do regime no poder no país.
O capitão Alfred Dreyfus foi oficial militar francês, condenado por "traição", com base num processo falsificado a 22 de dezembro de 1894 e condenado à deportação para Guiana, tendo sido, após um longo combate judiciário, reabilitado em 1906.
A 4 de março corrente, Apollinaire Mewenemesse foi convocado pela Alta Autoridade do Audiovisual e Comunicação (HAAC, sigla em francês), e o seu jornal suspenso por três meses por "violação manifesta das regras de ética e deontologia" e "incitação à revolta popular."
A sua detenção e manutenção em detenção vigiada inquietam organizações de imprensa que o visitaram esta quarta-feira de manhã, em Lomé.
Tendo em conta a sua idade, o réu pode dificilmente suportar as condições da privação da sua liberdade.
Já foi julgado e aprisionado em 1998 por um artigo de opinião, recordam as mesmas fontes.
Há alguns anos, jornalistas, no Togo, são objeto de muitas detenções, nomeadamente por parte da HAAC, da Polícia e Gendarmaria por causa dos conteúdos dos seus artigos.
Por conseguinte, jornalistas deparam-se com a autocensura ou o exílio, lamentam organizações de imprensa.
A 24 de março, o Patronato da Imprensa Togolesa (PPT, sigla em francês), num comunicado na sequência da convocatória ao diretor do La Dépêche, apela aos jornalistas e defensores dos direitos humanos para continuarem mobilizados contra qualquer violação da liberdade de expressão e de imprensa no Togo.
-0- PANA FAA/IS/DD 27março2024