Morreu músico rwandês de gospel em detenção vigiada em Kigali
Kigali, Rwanda (PANA) – Um músico rwandês de gospel, Kizito Mihigo, faleceu em detenção vigiada, domingo, ou seja três dias depois de privado de liberdade, por ter tentado atravessar a fronteira com o Burundi, aparentemente para se juntar às forças rebeldes neste pais vizinho, soube a PANA de fonte oficial em Kigali.
O porta-voz da Polícia Nacional rwandesa, o comissário, John Bosco Kashera, declarou esta segunda-feira, num comunicado, que Mihigo morreu, na sequência de “um auto-envenenamento” no posto da Polícia de Remera, nos arredores de Kigali.
Kizito passou os últimos três dias no posto da Polícia enquanto se aguardava por um complemento de inquérito relativo a um caso de corrupção e tentativa de passagem da fronteira”, pode-se ler no documento.
Antes do seu "suicídio", ele foi visitado por seus parentes e por um seu advogado, prossegue o comunicado que cita o comissário da Polícia.
A Polícia abriu um inquérito sobre a sua morte, de acordo com a mesma fonte.
Mihigo foi liberto de cadeia em setembro de 2018, na sequência de um indulto presidencial.
Antes da sua libertaçãa, Mihigo, de 38 anos de idade, tinha sido condenado em fevereiro de 2015 a 10 anos de prisão, depois declarado culpado de vários crimes, incluindo o de conspiração para a assassinar o Presidente do Rwanda, Paul Kagame, entre outros altos responsáveis do país.
Porém, ele foi uma personalidade respeitada e, por isso, tinha crédito em toda parte do Rwanda, até à sua detenção em abril de 2014, alguns dias antes da celebração do 20.º aniversário do genocídio (em 1994) contra os Tutsi, tribo minoritária no Rwanda.
A sua encarceração chocou vários dos seus fãs no Rwanda e no estrangeiro.
O músico, segundo o Ministério Público, estabeleceu uma aliança com o Congresso Nacional Rwandês (RNC), um grupo de dissidentes rwandeses exilados.
-0- PANA TWA/MA/NFB/JSG/FK/DD 17fev2020