Professores cabo-verdianos em greve
Praia, Cabo Verde (PANA) - Os professores cabo-verdianos realizam, esta quarta-feira, uma greve nacional para exigir ao Governo a resolução de pendências e reclassificações, apurou a PANA de fonte sindical.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Professores (SINDEP), a jornada de luta dos professores vai ser marcada também por manifestações previstas para todas as ilhas do arquipélago.
No passado dia 01 de fevereiro, os professores cabo-verdianos já tinham realizado uma manifestação pública para exigir do Governo mais respeito, dignidade, reajuste salarial e descongelamento das carreiras, bem como o cumprimento dos compromissos assumidos.
Em declarações à imprensa, o presidente do SINDEP, Jorge Cardoso afirmou que o protesto desta quarta-feira inclui uma manifestação em frente ao Palácio do Governo, na cidade da Praia, e representa uma "luta da classe pela resolução definitiva destes problemas".
"Estamos a contar com uma adesão em massa porque os professores é que estão cansados e pediram esta greve, para reclamar desta inércia. São só palavras e discursos", afirmou o líder do SINDEP que conta com cerca de quatro mil professores filiados
Em causa estão várias situações de alegado incumprimento, nomeadamente reclassificações de 2016 a 2021, subsídios pela não redução da carga horária de 2017 a 2022, ou falta de publicação de aposentações, mas também o congelamento de salários desde 2016.
Numa intervenção no Parlamento, no passado 09 de fevereiro, o ministro cabo-verdiano da Educação Amadeu Cruz, afirmou que o atual Governo aplicou medidas de correção de distorções das carreiras a cerca de 7.700 professores, pendências atrasadas desde 2008, apesar dos protestos dos sindicatos.
"As pendências acumuladas de 2008 a 2016 foram pendências que foram resolvidas pelo Governo de Cabo Verde de 2016 a esta parte", disse.
O compromisso do Governo com os representantes sindicais dos professores, recordou o ministro, prevê resolver as pendências até 2023.
"Não me escudo na questão da covid-19, mas temos de ter a noção clara que, de 2020 a esta parte, não é só Cabo Verde, é o mundo inteiro, tivemos de fazer face às consequências da covid-19 e tivemos que alocar verbas para atender as emergências no domínio da saúde e no domínio da proteção social", afirmou.
Conforme o governante, vai ser preciso mobilizar 400 mil contos cabo-verdianos [400 milhões de escudos, 3,6 milhões de euros] nos próximos dois anos para resolver as pendências, situação que, segundo ele, o Governo espera resolver até 2023.
No entanto, Amadeu Cruz reconhece que os professores têm motivos "para reivindicar".
-0- PANA CS/IZ 23mar2022