Cabo Verde defende consenso sobre estatuto de observador para Israel na UA
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, defendeu domingo, em Adis Abeba (Etiópia), que a atribuição do estatuto de observador da União Africana (UA) a Israel "não deve" ser fator de divisão da organização pan-africana.
José Maria Neves, que falava em declarações à RFI, na sequência da sua primeira participação como chefe de Estado numa sessão ordinária da conferência da UA, congratulou-se com a criação de uma comissão para avaliar a adesão de Israel como Estado observador.
Para o Presidente cabo-verdiano, neste momento, “a melhor solução é a que foi encontrada no sentido de criar uma comissão envolvendo vários Estados para analisar a situação e fazer uma proposta”.
No entanto, o chefe de Estado cabo-verdiano sublinhou que África tem de estar aberta a novas possibilidades por forma a que o continente seja um espaço de encontro e de diálogo entre as diferentes correntes de opinião e diferentes países a nível do mundo.
“Acho que esse diálogo vai fazer-se no quadro da comissão e vai encontrar-se um entendimento em relação ao estatuto de Israel”, sustentou.
Os líderes da UA anunciaram domingo, 06, a criação de uma comissão para avaliar a controversa acreditação de Israel como Estado observador daquela organização, o que desagradou a vários países-membros.
“Criámos uma comissão para tentar encontrar um consenso”, anunciou o chefe de Estado do Senegal, Macky Sall, que no sábado foi eleito presidente da organização, sucedendo na presidência anual rotativa da UA a Felix Antoine Tshisekedi Tshilombo, da República Democrática do Congo (RDC), que concluiu o seu mandato.
Macky Sall, falava numa conferência de imprensa no final da 35.ª cimeira ordinária de chefes de Estado e de Governo da UA, que decorreu sábado e domingo, de modo presencial, na sede da organização em Adis Abeba, Etiópia.
“Trata-se de uma questão que divide o continente. Acreditamos que África não deve ser dividida”, frisou Macky Sall.
A controvérsia começou, em julho passado, quando o presidente da Comissão da UA (secretariado), Moussa Faki Mahamat, aceitou a acreditação de Israel como observador do bloco regional, provocando uma forte reação no seio da organização.
A acreditação de Israel suscitou queixas de Estados-membros influentes da UA, tais como a África do Sul e a Argélia, que argumentaram que tal aceitação contrariava as declarações de apoio da organização aos territórios palestinianos.
Contudo, Macky Sall esclareceu que Mahamat não incorreu em qualquer “violação das regras” da UA e “tem o poder” de conceder tal estatuto aos Estados.
A nova comissão, composta pela África do Sul, pela Argélia, pela Nigéria, pelos Camarões, pelo Rwanda e pela RDC apresentará as suas conclusões na cimeira ordinária do próximo ano.
-0- PANA CS/IZ 07fev2022