Governo sudanês contra périplo africano de general Dagalo
Porto-Sudão (PANA) - O Ministério sudanês dos Negócios Estrangeiros condenou o recente périplo do comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês), o general Mohamed Hamdam Dagalo, por alguns países africanos, soube a PANA de fonte oficial.
Em declaração domingo à Sudan Tribune (jornal sudanês), o Ministério qualificou de "manobra de relações públicas com o fito de aplaudir as RSF (milícia) em matéria de direitos humanos.
Prosseguindo, a instituição sublinhou que estas visitas fazem parte de "uma campanha de propaganda enganosa", orquestrada com o apoio de forças africanas e não africanas, a fim de reabilitar o chefe da milícia, acusado de "piores violações do direito humanitário e dos direitos humanos no continente desde o genocídio rwandês em 1994.
"Esta campanha enganosa e hipócrita inclui visitas do chefe da milícia vários países africanos, assim como declarações que lhe são atribuídas e em que exprime a sua vontade de entrar em negociações de paz, e até de assinar um acordo com um grupo político sudanês que lhe é simpatizante. Se se implementar, este acordo abrirá a via à divisão do país (Sudão)", lê-se num comunicado.
Exortou às FSR a conformarem-se com a Declaração de Djedda, cessando assim as suas "atividades terroristas" e cooperando nos esforços de paz com vista à resolução da crise sudanesa.
Como pressuposto à abertura de quaisquer novas negociações, o Ministério sublinhou o compromisso das FSR de implementar a Declaração de Djedda, assinada a 11 de maio de 2023, evacuando centenas de milhares de casas dos cidadãos e estruturas civis ocupadas e utilisadas com bases militares, e abandonando cidades e aldeias por elas invadidas.
Por outro lado reiterou o compromisso do Governo sudanês de chegar à paz por meio da Declaração de Jeddah sobre os princípios humanitários, que proporciona um quadro jurídico e político constrangedor para lidar com questões humanitárias, estabelece um cessar-fogo e gere todo o processo de paz.
O general Dagalo acaba de efetuar um périplo africano, desde o final do ano de 2023, precisamente no Quénia, no Uganda, na Etiópia, no Djibuti, na África do Sul e no Rwanda, onde recebeu elogios por manifestar a vontade de acabar com a guerra civil no Sudão, segundo Sudan Tribune.
O Sudão está mergulado numa guerra sangrenta desde 15 de abril de 2023, quando o comandante das Forças Armadas Sudanesas (SAF), o general Abdel Fattah al-Burhan, e o general Dagalo começaram a disputar o poder.
A guerra já fez milhares de mortos, milhões de pessoas deslocadas internas, a que se juntam atos de violência sexual, sexista e odiosa.
A situação gerou uma grave crise humanitária, segundo as Nações Unidas.
Há uma semana, os Estados Unidos apelaram ao fim desta "guerra inútil e brutal", quando o Sudão celebrava o seu 68.º aniversário de independência.
"Enquanto estamos a iniciar um novo ano e celebramos o 68.º aniversário da independência do Sudão, reflitamos ao sofrimento contínuo do povo sudanês devido ao conflito inútil entre as Forças de Apoio Rápido (RSF) e as Forças Armadas Sudanesas (SAF)", declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Acrescentou que as partes beligerantes sudanesas "devem pôr fim a esta guerra brutal e devolver a governação aos civis, como o povo sudanês que o pede há muito tempo."
-0- PANA MA/MTA/JSG/DD 8janeiro2024