Líbia considera "ingerência externa principal causa" da sua crise
Tripoli, Líbia (PANA) - A Líbia considerou a ingerência externa como a principal causa da crise no seu território, soube a PANA de fonte oficial.
A consideração foi feita, quarta-feira última na sede do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, pelo representante da Líbia junto da referida instituição, Taher el-Sonni.
Denunciou, nessa ocasião, a incapacidade do CS para identificar um indivíduo, organismo ou grupo que faz obstáculo à resolução global do conflito e da crise na Líbia.
No seu discursp pronunciado no mesmo dia, durante uma sessão do CS sobre a situação no seu país, el-Sonni achou que “é tempo para os líbios decidirem da sua sorte pelas suas próprias mãos. Estamos cansados da estagnação e de sermões sobre o que se passa. Estamos fartos de que a Líbia seja utilizada pelos países da região e por outros”, desabafou.
Critiou a negligência das Nações Unidas, a estagnação política persistente na Líbia e a ausência de uma verdadeira abordagem política suscetível de resolver a crise.
Apelou às Nações Unidas para perspetivarem a nomeação de um seu próximo décimo enviado, interrogando-se se o problema vem das Nações Unidas, dos seus enviados ou da Líbia.
A seu ver, é importante reunir as partes líbias, encontrar pontos comuns e elaborar um roteiro e um calendário eleitorais específicos baseados em leis eleitorais consensuais.
Alertou que o povo líbio sofre as consequências da situação presente.
Por sua vez, o delegado dos Estados Unidos ao CS indicou que a inundação na Líbia dos dinares falsos (moeda nacional líbia) aumenta a confusão nos mercados locais.
Ele aludia a um anúncio feito recentemente pelo Banco Central da Líbia da existência de dinares falsificados.
O diplomata americano declarou, nesse encontro do CS sobre a Líbia, que o representante especial do Secretário-Geral e ex-chefe da Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (MANUL), Abdoulaye Bathily, “lembra-nós a amplitude dos desafios para se chegar a um acordo político que responda às expetativas do povo líbio.”
Expressou a sua gratidão à nova chefe interina da MANUL, Stephanie Khoury, e aos outros membros que envidaram esforços a fim de cooperarem com as autoridades líbias.
Disse-se feliz que as autoridades encarregues de controlar navios nas costas líbias tenham renovado o seu mandato em maio último a fim de imporem sanções àqueles que violem estas operações.
No seu entender, estes elementos têm como missão fornecer informações sobre aquilo que se passa nas costas líbias.
Considerou essencial esta decisão na medida em que, prosseguiu, o aumento de casos de violação do embargo sobre as armas na Líbia, o que implicou um aumento do número de casos.
O delegado americano saudou igualmente o grupo de peritos do Comité Internacional das Sanções sobre a Líbia, que “continua a dar informações sobre a implementação das sanções das Nações Unidas.”
Na sua ótica, esta equipa fornece informações preciosas sobre as atividades desestabilizadoras na Líbia, incluindo relatórios sobre as violações do embargo sobre armas, o contrabando do petróleo e qualquer atividade suscetível de ser exercida por indivíduos em detrimento do processo de transição política na Líbia.
Do seu lado, a representante da Rússia junto das Nações Unidas declarou que os Estados Unidos pensam que esta viola o embargo sobre as armas na Líbia.
Frisou que o seu país fornece armas com a anuência das autoridades líbias sem violar as leis internacionais.
Apelou à comunidade internacional para trabalhar em prol da unificação das forças armadas na Líbia, considerando que a prosecução da divisão só favorecerá a emergência de fações terroristas no deserto do Sará.
Expressou ainda a sua preocupação face àquilo que chamou de “projetos reclamados por partes externas” com o fito de desdobrar as forças armadas na fronteira com a Líbia.
Frisou que estes projetos estão longe de reunificar o Exército e que, muito pelo contrário, o minarão.
No plano político, a delegada russa lamentou a ausência de progresso no processo político líbio, sublinhando a necessidade de se organizar eleições nacionais, trabalhar-se na resolução de questões controversas e chegar-se a um acordo satisfatório para todas as partes.
Acrescentou que algumos partidos políticos líbios, que beneficiam do apoio de algumas franjas da população, incluindo símbolos do antigo regime (de Muamar Kadafi derrubado em agosto de 2011 após 42 anos de poder sem partilha), não devem ser excluídos das eleições.
A seu ver, se eles não participarem nas eleições, isto lhes dará motivos para virem a contestá-las mais tarde.
-0- PANA BY/JSG/DD 20junho2024