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África deve "esquecer" diplomacia no debate sobre crise, diz BM

Túnis- Tunísia (PANA) -- A vice-presidente do Banco Mundial (BM) para África, Obiageli Ezekwesili, instou quarta-feira em Túnis (Tunísia), os governantes africanos a "esquecer a diplomacia" nos seus debates sobre como enfrentar a actual crise económico-financeira mundial.
"Não há lugar para diplomacias na discussão de questões candentes, mas é preciso travar um diálogo franco e aberto", exortou Ezekwesili durante a abertura duma conferência ministerial sobre os efeitos da actual crise mundial no sector da educação.
O encontro da capital tunisina, a decorrer até 17 de Julho corrente, é dirigido a ministros da Educação e das Finanças de cerca de 30 países da África Subsariana numa iniciativa conjunta do BM e seus parceiros.
De acordo com Ezekwesili, a sua instituição espera desta reunião uma "forte interacção" entre os ministros das Finanças e os seus colegas da Educação visando uma maior coordenação e harmonização de políticas.
Disse ser necessário romper com o estilo actual de falta de diálogo entre os dois sectores que tem frequentemente inibido a necessária convergência de acções viradas para objectivos comuns.
Ela encorajou os governantes africanos, observando que a actual crise mundial não deve ser vista como um impedimento mas como uma "oportunidade para repensar estratégias comuns".
A este propósito, insistiu na necessidade de se forjar entre os dois sectores uma permanente e cada vez mais estreita colaboração particularmente na concepção de orçamentos para a educação.
Por outro lado, sugeriu que, no quadro de estratégias para melhorar o sistema educativo em África, os países com maus desempenhos no sector devem aproveitar e guiar-se pela experiência das outras nações do continente que registaram progressos significativos nos últimos anos.
Por exemplo, disse, países como a Tunísia e as ilhas Maurícias conheceram progressos substanciais nos últimos anos e "podem muito bem servir de exemplo para os demais Estados cujo desempenho ainda deixa muito a desejar".
A conferência de Túnis foi preparada conjuntamente pelo BM e por instituições parceiras como o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA).
Conta igualmente com o apoio de entidades doadoras da "Fast Track Initiative (FTI)" para a Educação para Todos (EPT), uma parceria mundial lançada em 2002 pelo BM e pelos seus parceiros de desenvolvimento com o objectivo de ajudar todas as crianças de países de rendimento baixo a concluir o ensino primário até 2015.
Os seus organizadores dizem partilhar a constatação de que tem faltado diálogo e coordenação entre os ministros das Finanças e os da Educação, sobretudo na definição da estrutura das despesas do sector educativo.
Obiageli Ezekwesili explicou que os progressos consideráveis registados no sistema de educação e no ensino nos últimos anos na Tunísia são uma das razões que pesaram na escolha deste país para albergar a conferência ministerial.
O ensino na Tunísia é obrigatório e gratuito para as idades compreendidas entre os seis e os 16 anos e a lei estabelece penas para os casos de crianças não matriculadas ou retiradas da escola antes de completar os 16 anos.
Até 2005-2006, o país tinha 178 instituições públicas de ensino superior, das quais 13 universidades, 24 institutos de estudos tecnológicos e seis institutos de formação de professores, segundo dados oficiais do Ministério da Educação.
Apesar de objecto de algumas críticas por uma alegada inflexibilidade no enquadramento dos alunos nas diferentes disciplinas que não permite certas alterações em função das preferências dos discentes, o sistema escolar tunisino garante o acesso ao ensino pós-secundário a todos os alunos que tenham concluído o nível secundário.
O último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) atribui à Tunísia uma taxa de alfabetização adulta de 74,3 por cento e uma taxa bruta combinada de matrículas para o ensino primário, secundário e terciário de 76,3.
A Tunísia tem uma população estimada em 10,4 milhões de habitantes.