Agência Panafricana de Notícias

África carece de 6,73 milhões de professores para atingir ODM sobre educação

Dakar, Senegal (PANA) – África deve recrutar seis milhões e 750 mil professores para poder atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) em matéria de educação, até 2015, declarou quinta-feira, em Dakar, o secretário executivo da Rede Africana de Campanha para a Educação para Todos (ANCEFA), Gorgui Sow.

Intervindo sobre o lema « Financiamento da Educação e Eficiência », num painel organizado pela Coligação das Organizações em Sinergia para a Defesa da Educação Pública (COSIDEP), no quadro da 11ª edição do Fórum Social Mundial que decorre na capital senegalesa de 6 a 11 de fevereiro corrente, Sow indicou que, no quadro da escolarização universal, existem no mundo nove milhões de professores dos quais três quartos em África.

Durante este painel que se interessou igualmente pela problemática da educação inclusiva e pela introdução das línguas nacionais, Sow indicou que «nenhum ODM será atingido se África não resolver a questão do analfabetismo dos jovens, dos adultos e sobretudo das mulheres, pela alocação de recursos consequentes e uma boa vontade política".

Segundo ele, 50 porcento dos analfabetos no mundo vivem atualmente em África, sobretudo ao sul do Sara.

Sow defendeu ser necessária uma reflexão sobre uma melhor repartição dos recursos e pressionar mais ainda os dirigentes para políticas audaciosas a favor da educação para todos. "É preciso mobilizar os recursos necessários para que a escolarização universal seja uma realidade », disse.

Por seu turno, o diretor de Planificação e Reforma da Educação (PRE), Djibril Ndiaye Diouf, indicou que se os recursos humanos, materiais e financeiros no setor da educação forem racionalizados, podem influir no nível da educação, que é uma alavanca importante de luta contra a pobreza.

Segundo Diouf, o Governo do Senegal, por exemplo, "encontra problemas de eficácia e de eficiência", apesar dos 40 porcento do orçamento de funcionamento concedidos à educação.

Com os mesmos recursos que os outros países, disse, o Senegal tem obtido resultados inferiores, pelo que "a alocação dos recursos devia fazer-se segundo critérios que permitissem a sua melhor orientação para as populações mais pobres".

«A racionalização destes recursos justifica-se pelo facto de que o Estado senegalês é o principal doador do seu sistema educativo, com apenas cinco porcento do volume de participação anual dos doadores e parceiros de desenvolvimento", indicou.

Em 2009, lembrou, o Senegal concedeu 29 porcento do seu orçamento total ao setor da educação, "mas com desempenhos ainda não satisfatórios, enquanto 79 porcento deste orçamento são consagrados aos salários.

Ainda sobre o Senegal, Djibril Diouf referiu que as despesas sociais representam 14 porcento, enquanto apenas sete porcento são destinados a assegurar a gestão pedagógica das escolas e dos serviços administrativos ».

Constatando as taxas elevadas de repetições de classe a nível primário e reprovações no primeiro ciclo que constituem perdas de recursos importantes no orçamento, ele precisou que os ciclos primários e superior absorvem 72 porcento do orçamento da educação.

Segundo o responsável do PRE, os 28 porcento do orçamento consagrados aos salários, ou seja 54 biliões de francos CFA (cerca de 108 milhões de dólares americanos), são concedidos a professores que nunca estão nas salas de aulas, entre os quais, quatro mil e 200 monitores nos liceus e colégios, mil e 300 professores suplentes, dois mil e 500 nos serviços administrativos e mais de mil diretores de escolas exonerados.

« É por isso importante agir sobre vários fatores de desempenho para racionalizar os poucos recursos disponíveis, nomeadamente a boa governanço, a transparência na gestão, o controlo cívico e a participação comunitária », exortou.

-0- PANA SIL/TBM/SOC/MAR/IZ 11fev2011