HRW pede ao novo presidente mauritano para priorizar direitos de mulheres no país
Túnis, Tunísia (PANA) - A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) pede ao novo Presidente mauritano, Mohamed Ould Ghazouani, para atribuir prioridade aos direitos das mulheres durante o seu mandato.
O pedido consta de uma carta enviada ao novo Presidente mauritano. publicada no site Internet da organização de defesa dos direitos humanos.
A HWR pede-lhe igualmente para tomar particularmente medidas contra níveis elevados de violência baseada no género e velar pelo acesso das vítimas à justiça, segundo a carta
A HRW constatou, no termo de pesquisas aprofundadas no terreno, em 2018 e 2019, que a ausência de leis estritas contra atos de violência baseada no género e contra instituições que dão assistência às vítimas, com pressões sociais e a estigmatização, desencoraja algumas mulheres e raparigas de pedir a ajuda e recursos, em caso de maus tratos.
Os tratamentos médicos e os serviços de saúde mental, prestados às vítimas, são insuficientes, bem como a assistência jurídica, e cabe assim a Organizações Não Governamentais (ONG) colmatarem estas lacunas na medida dos seus meios limitados, segundo o comunicado.
Além disso, as vítimas de violação sexual que apresentam queixa junto das autoridades incorrem em ações judiciais por relações sexuais extraconjugais, se elas não puderem convencer o Tribunal que elas foram efetivamente violadas, refere a HWR.
"O Presidente Ould Ghazouani deverá dar um novo tom, demonstrando tolerância para atos de violência baseada no género”, declarou Sarha Leah Wihtson, diretora da Divisão da HRW para o Médio Oriente e África do Norte.
“As Mauritanas não deverão sofrer em silêncio da violação sexual e de outras formas de violência”, indignou-se.
As autoridades na Mauritânia deverão cessar de julgar e deter homens e mulheres por causa das relações sexuais extraconjugais, vulgo "Zina", em árabe.
Segundo a HRW, o Governo também deverá despenalizar esta infração a fim de harmonizar as leis mauritanas com convenções internacionais que protegem o direito à vida privada e à autonomia pessoal.
Segundo o comunicado, o Presidente Ould Ghazouani deverá pressionar o Parlamento para que adote o projeto de lei sobre a violência baseada no género, pendente desde 2016.
Ele deverá além disso velar pelo alargamento da definição da violação sexual contida no projeto de lei, em estudo, e pela criminalização de todas as outras formas de violência sexual, exige a organização de defesa dos direitos humanos.
O Presidente também deverá apoiar a ab-rogação, no código penal, de todas as penas que constituem tratamentos cruéis, desumanos e degradantes, tais como a morte por lapidação ou a flagelação, mesmo se uma moratória está atualmente em vigor sobre estas punições, lê-se na nota.
A HRW exortou igualmente o Governo a consagrar mais fundos à assistência às vitimas da violência, nomeadamente ao criar centros de acolhimento de curta e longa duração e unidades especializadas para lançarem ações judiciais em caso de violência sexual.
"A Mauritânia também deverá renunciar a todas as suas reservas relativas aos artigos 13 (a) e 16 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, que incluem respetivamente o direito às prestações familiares e a exigência dum tratamento igualitário para qualquer questão matrimonial ou familiar “, observou a HRW.
-0- PANA MA/NFB/TBM/FK/DD 15out2019