Quatro jornalistas independentes detidos há um ano no Burundi
Bujumbura, Burundi (PANA) - A revista semanal independente "Iwacu", no Burundi, saiu quinta-feira a preto e branco para assinalar o "doloroso aniversário" da detenção de quatro jornalistas seus (Christine Kamikazi, Agnès Ndirubusa, Terence Mpozenzi e Egide Harerimana) sob a acusação de "cumplicidade em atentar contra a segurança interna do Estado burundês".
Estes repórteres foram intercetados a 22 de outubro de 2019 no noroeste do Burundi, numa missão de verificação de relatos de confrontos entre as forças de segurança e um grupo de homens armados não identificados.
De julgamento em julgamento, os quatro jornalistas foram finalmente condenados, em 4 de novembro de 2019, a dois anos de prisão e multados em um milhão de francos burundês, ou pouco mais de 140 dólares americanos cada um.
O fundador de "Iwacu", Antoine Kaburahe, vive exilado no estrangeiro após a crise política de 2015, que expulsou cerca de 100 jornalistas burundeses do país.
As infraestruturas de vários meios de comunicação social independentes foram também fisicamente destruídas ou forçadas a encerrar em resultado da mesma crise.
Do Ocidente, onde se exilou, Kaburahe continua no entanto a dirigir o seu jornal independente, um dos poucos ainda em funcionamento no Burundi.
Numa entrevista com a redacção, o veterano jornalista e escritor burundês disse que se sentia "impotente" face à detenção "injusta" dos seus quatro jornalistas.
Kaburahe convidou a sua equipa à coragem, meditando nestes versos do famoso poeta francês Alfred Vigny: "gemer, chorar, rezar é igualmente cobarde. Faça energicamente a sua longa e pesada tarefa. Na forma como o destino quis chamar".
-0- PANA FB/JSG/DIM/IZ 22out2020