Cabo Verde perde mais de seis milhões de metros cúbicos de água, diz relatório
Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde registou durante todo o ano de 2017 perdas físicas de água de mais de seis milhões de metros cúbicos, segundo um relatório anual dos Serviços de Água e Saneamento, referente a 2017.
No período em referencia, o país registou 17 milhões 378 mil 471 metros cúbicos de água entrados no sistema de abastecimento, mas apenas faturou 10 milhões 983 mil 368 metros cúbicos desse total, equivalentes a perdas físicas de seis milhões 395 mil 103 metros cúbicos de água por ano.
Durante a apresentação do relatório, quarta-feira última, o presidente da Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS), Miguel Moura, reconheceu que as perdas são um grande desafio para o setor e para as entidades gestoras, que estão a perder dinheiro.
"É perda também de qualidade de vida, porque é água que deveria ser disponibilizada às pessoas e à economia e que não é, e curiosamente é paga", exclamou-se Miguel Moura.
Desafiou as entidades gestoras a diminuírem significativamente as perdas de água no país, onde as chuvas são irregulares e que enfrenta o terceiro ano consecutivo de seca.
O presidente da ANAS referiu que as perdas entram no tarifário, e que há um limite aceitável pelas reguladoras para as entidades gestoras repassarem o prejuízo aos consumidores por conta das perdas e das ineficácias na gestão.
Conforme o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, membro do Governo que tutela o setor, as perdas, tanto físicas como comerciais, só se combatem com investimentos e eficiência.
"Estamos num país em que gastamos muita energia para a produção e distribuição da água, um bem escasso e, por conseguinte, não faz sentido estarmos todos os anos a querer produzir, mobilizar e distribuir cada vez mais água, quando nós temos perdas na rede", referiu.
Para o governante, é fundamental planificar não só os investimentos na mobilização, distribuição de água e na extensão das redes, mas, acima de tudo, na melhoria das redes existentes.
"São trabalhos que devem ser bem planeados e executados de modo a que tenhamos perdas razoáveis e dentro do limite do aceitável", afirmou Gilberto Silva.
No relatório é avaliado o desempenho das entidades gestoras relativamente às perdas de água, tendo o indicador oscilado entre insatisfatória e boa, sendo que as Águas de Ponto Preta (1,4 por cento) e as Águas do Porto Novo (11,1 por cento) apresentam melhor nível de desempenho.
Em sentido contrário, o município do Paul (71,2 por cento) é o que regista pior desempenho no indicador relativo ao desempenho nas perdas físicas de água.
Na análise dos dados, constata-se que em 2017 cerca de 80 por cento dos mais de 141 mil alojamentos no país tinham acesso efetivo ao serviço de água, em dois mil 850 quilómetros de condutas.
O relatório avalia o setor de água no país, a partir da análise de 531 indicadores de 15 entidades gestoras do serviço de abastecimento de água e de cinco do saneamento de águas residuais.
Para o ministro da Agricultura e Ambiente, o relatório, que já vai na sua quarta edição, é um "grande impulso" à melhoria do serviço e à intervenção das entidades gestoras dos setores da água e saneamento em Cabo Verde.
Referiu que se trata de um instrumento que decorre de uma exigência legal.
Gilberto Silva afirmou ainda que se trata de "uma pedra angular" na edificação do sistema de água e saneamento do país, defendendo a sua melhoria.
-0- PANA CS/DD 23jan2020