Oposição pede redução de estrutura do Estado para poupar recursos em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Rui Semedo, pediu "uma estrutura do Estado menos custosa, para poupar recursos", numa altura em que o país vive "momento extremamente difícil", face à escalada de preços, do desemprego e da queda do poder de compra.
Falando no encerramento do XVII congresso do PAICV, que se realizou no último fim de semana, na cidade da Praia, Rui Semedo sublinhou que, neste cenário de crise, é necessário acabar com os "desperdícios", nomeadamente na administração central, numa crítica ao Governo liderado desde 2016 pelo Movimento para a Democracia (MpD).
Neste sentido, o líder do maior partido da oposição em Cabo Verde defende a "fusão" de serviços públicos para criar uma estrutura do Estado menos custosa para o país.
Rui Semedo apontou que Cabo Verde enfrenta desafios como o da segurança alimentar e energética, dada a escalada de preços atuais e a seca dos últimos três anos, mas também na correção das "assimetrias", regionais e sociais, assim como na promoção do emprego, do combate ao desemprego e da habitação condigna, para os quais o PAICV pretende dar resposta.
Apontou ainda a necessidade de uma "revolução" no sistema de ensino cabo-verdiano, uma aposta na "saúde de qualidade" e na coesão territorial.
"Temos de gerar mais riqueza em Cabo Verde. Cada cabo-verdiano está desafiado para produzir mais e mais, para recuperar o tempo perdido", disse ainda, no discurso de encerramento do congresso e que o consagrou como líder.
Rui Semedo pediu igualmente diálogo "dentro" e "entre" os partidos em Cabo Verde, e destes com a sociedade, a pensar no "desenvolvimento" do país.
"E para estes desafios, precisamos de um partido à altura", afirmou o líder do PAICV.
Pedindo um partido "inovador" e "útil" aos consensos em Cabo Verde, Rui Semedo prometeu "trabalho" para apresentar "resultados" nos próximos três anos.
O PAICV reuniu desde sexta-feira, no edifício da Assembleia Nacional, na Praia, o XVII congresso nacional, durante o qual 381 delegados apreciaram a Moção de Estratégia de Orientação Política Nacional para o triénio 2022-2025 do novo líder, Rui Semedo, eleito em 19 de dezembro.
O congresso do maior partido da oposição em Cabo Verde, inicialmente previsto para janeiro passado e adiado devido à pandemia de covid-19, envolveu ainda a eleição da Comissão Política e da Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização, que assim se juntam ao presidente eleito, para conduzir os destinos do PAICV nos próximos três anos.
Cabo Verde encerrou, em 17 de outubro de 2021 - com eleições presidenciais, que elegeram na primeira volta o antigo primeiro-ministro e antigo líder do PAICV, José Maria Neves, como Presidente da República - o ciclo eleitoral iniciado em 25 de outubro de 2020, com eleições autárquicas.
Seguiram-se as eleições legislativas, em 18 de abril do ano seguinte, em que o MpD revalidou a maioria absoluta, o que levou a então líder do PAICV, Janira Hopffer Almada, a apresentar a demissão, antecipando a escolha de um novo presidente e dos novos órgãos do partido.
O próximo ciclo eleitoral em Cabo Verde deverá iniciar-se em finais de 2024, com eleições autárquicas, prosseguindo dois anos depois com a realização de legislativas e presidenciais.
-0- PANA CS/IZ 11abril2022