Cabo Verde disponibiliza a São Tomé e Príncipe 200 vagas para formação profissional
Praia, Cabo Verde (PANA) - o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, anunciou, segunda-feira, na cidade da Praia, que Cabo Verde vai disponibilizar a São Tomé e Príncipe 200 vagas para formação profissional e aumentar também a linha de microcrédito para empreendedorismo, apurou a PANA de fonte segura.
Numa declaração conjunta, na Praia, com o homólogo são-tomense, Jorge Bom Jesus, que está a realizar uma visita oficial a Cabo Verde,
lamentou os 15 anos de ausência de reuniões bilaterais entre os dois países, sublinhando que até preciso ter em conta que é muito tempo.
“Mas vamos recomeçar e recomeçar bem, com o reforço do diálogo político e diplomático, com consultas bilaterais setoriais, com acordos e intenções", afirmou Ulisses Correia e Silva.
O primeiro-ministro de Cabo Verde explicou que com base nos acordos assinados, segunda-feira, os estudantes são-tomenses terão acesso às universidades cabo-verdianas, mas o Governo cabo-verdiano vai também "aumentar de forma significativa" o número de vagas e bolsas para ensino profissional de jovens de São Tomé e Príncipe. Até 2025, serão 200 vagas para formandos daquele país frequentarem cursos de formação profissional em Cabo Verde, nomeadamente em instituições na área da hoteleira, turismo e energia
"Na convicção que se trata de um instrumento muito importante de empoderamento de jovens, capacitando-os para o mercado de trabalho e também para o empreendedorismo", sublinhou Ulisses Correia e Silva.
Acrescentou que os acordos assinados contemplam ainda o aumento de cinco milhões de escudos para 50 milhões de escudos (de 45 mil euros para 450 mil euros) na linha de microcrédito para empreendedorismo, para "aumentar a amplitude desta intervenção".
"O microcrédito é também um instrumento fundamental e articula-se com a formação", destacou Ulisses Correia e Silva, realçando que esta medida vai ajudar os jovens nos dois países a criarem o seu emprego "e o dos outros".
O chefe do Governo cabo-verdiano apontou ainda a formação profissional e o microcrédito como exemplos de projetos tripartidos, já que além dos dois países também contam com a parceria do Banco Mundial ou da Cooperação do Luxemburgo.
Antes desta declaração, no Palácio do Governo, as delegações ministeriais dos dois países assinaram cinco novos acordos para reforço da cooperação bilateral, em áreas como a educação, turismo, agricultura, economia, formação profissional e comunidades, concluindo assim a segunda reunião da comissão mista.
"O que nós queremos aqui é, de facto, potenciar aquelas áreas em que uns e outros têm maior avanço", afirmou, por sua vez, Jorge Bom Jesus, reforçando a importância das relações históricas entre os dois países, mas também as de consanguinidade entre ambos os povos, desde o período colonial, dando como exemplo a ilha do Príncipe, em que "pelo menos" metade da população é de origem cabo-verdiana.
"Este momento é, para nós, de história. Sobretudo porque trata-se de uma comissão mista que não realizamos há sensivelmente 15 anos. Portanto, há toda a vontade e todo o interesse no sentido de quebrarmos os paradigmas e inaugurarmos novos tempos, sobretudo depois deste período, deste contexto pandémico, e neste período de pós-pandemia", sublinhou Jorge Bom Jesus.
Numa altura em que ambos os países, dependentes do turismo, tentam a retoma económica, o primeiro-ministro são-tomense deixou o repto ao homólogo cabo-verdiano: "Nada melhor que juntarmos as nossas forças para minimizarmos as nossas fraquezas".
Na ocasião, os primeiros-ministros de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe apontaram a possibilidade de retoma das ligações aéreas diretas entre os dois arquipélagos envolvendo Angola, numa solução "tripartida" que garanta a "rentabilidade" da operação.
Ulisses Correia e Silva recordou que "em tempos" havia uma ligação aérea entre Luanda, São Tomé e Praia, a qual foi descontinuada "por questões que têm a ver também com a sustentabilidade comercial".
"Estamos a discutir há já algum tempo dentro da perspetiva de encontrar soluções que façam com que haja ligações, haja conectividades, mas ao mesmo tempo haja rentabilidade nos voos", sublinhou o chefe do Governo cabo-verdiano.
A transportadora aérea angolana TAAG realizava voos diretos de Luanda para a ilha do Sal, suspensos desde o início da pandemia de covid-19, não sendo conhecida qualquer intenção ou prazo de retoma.
Antecedendo a assinatura dos cinco acordos e de um processo verbal, bem como a declaração conjunta dos dois chefes do Governo, a comissão mista entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, presidida pelos respetivos chefes da diplomacia dos dois países, Rui Figueiredo Soares e Edite Costa Ten Jua, reuniu-se pela primeira vez desde 2007, quando foi assinado o Acordo Geral de Cooperação.
-0- PANA CS/IZ 29março2022