Angola propõe análise de falhas e soluções para conflitos no mundo
Luanda, Angola (PANA) - Angola propôs uma análise sobre falhas e medidas a tomar para se tornar a Organização das Nações Unidas (ONU) mais atuante e ativa na busca de soluções para a prevenção de conflitos no mundo, soube a PANA de fonte oficial.
Esta posição de Angola foi manifestada terça-feira última em Nova Iorque, nos Estados Unidos, pelo seu Presidente, João Lourenço, quando tomava a palavra durante a 79.ª Assembleia Geral da ONU, aberta no mesmo dia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos de América.
O estadista angolano adiantou que este exercício vai permitir o reforço da paz e da segurança mundial, do comércio e da cooperação internacional, garantindo assim a prosperidade às nações e o bem-estar dos povos do planeta.
Desde a criação das Nações Unidas, após o fim da Segunda Guerra Mundial, prosseguiu, os povos do “nosso planeta” almejavam uma convivência pacífica a nível global, acreditando que os episódios que pudessem pôr em risco a harmonia, a paz e a segurança universal seriam objeto de uma cuidadosa atenção e tomada de medidas preventivas no âmbito da organização, para que não se degenerassem em conflitos e guerras que fizessem reviver os momentos angustiantes vividos durante o período de 1939 a 1945.
Alertou que, passadas quase oito décadas, a constatação objetiva que "podemos fazer, na atualidade, é a de que essa perspetiva não só não foi concretizada, como parece que nos estamos a distanciar dos propósitos fundacionais das Nações Unidas.”
Em face disso, o estadista angolano disse que se assiste, hoje, a uma tentativa de se esvaziar, ignorar ou mesmo substituir o papel e a importância das Nações Unidas na resolução das grandes questões que afligem a humanidade, nomeadamente aquelas que têm a ver com a paz e segurança universais.
Sublinhou que, apesar desta perceção, não existe palco mais adequado do que a ONU para inverter esta realidade e assumir a urgente necessidade da reforma da instituição, com ênfase para a adequação do Conselho de Segurança da mesma às realidades do mundo contemporâneo.
O chefe do Estado angolano sublinhou que o atual formato e composição deste órgão ainda refletem a realidade do pós-guerra em muito ultrapassada pelo tempo e desenvolvimento de outras regiões do planeta, muitas delas de países então colonizados, que hoje são países independentes e membros das Nações Unidas.
"A reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e das instituições financeiras internacionais saídas de Bretton Woods (Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial) afigura-se urgente e premente para dar voz aos países do Sul Global, nomeadamente África, América Latina, Médio Oriente e o sub-continente Indiano”, realçou.
Ressaltou que “o imperativo do multilateralismo deve prevalecer como o único quadro verdadeiramente capaz de salvaguardar os interesses comuns a toda a Humanidade”, em cujo âmbito disse que se deve reafirmar no resoluto compromisso com a diplomacia, o diálogo inclusivo e o recurso a meios pacíficos para a resolução de conflitos.
É dentro deste espírito, referiu, que “Angola está profundamente empenhada no processo de busca de soluções para conflitos em África.”
Mencionou ações de Angola para a busca de uma paz definitiva no leste da República Democrática do Congo, no Sudão e na região do Sahel.
No quadro do Processo de Luanda, o Presidente João Lourenço lembrou o cessar-fogo que o país conseguiu naquela região congolesa, em vigor desde 4 de agosto último.
Para que se consolidem os ganhos obtidos, o chefe do Estado disse ter sido colocada sobre a mesa uma proposta de um acordo de paz formulada por Angola, envolvendo a RDC e o Rwanda.
Informou que os termos do mesmo vêm sendo discutidos pelas partes a nível ministerial, com a perspetiva de que venham a alcançar entre si um entendimento que justifique a realização de uma cimeira para selar a assinatura do acordo de paz definitivo e o restabelecimento das relações entre os dois países.
A par deste conflito, o Presidente da República disse constituir, igualmente, preocupação a situação prevalecente no Sudão, onde se desenrola uma guerra violenta com consequências humanitárias de proporções dramáticas.
Sobre este conflito, lamentou a apatia da comunidade internacional que, a seu ver, deve procurar convergir os seus esforços e agir em coordenação com a União Africana, no sentido de se promover e alcançar uma paz duradoura.
"Estamos a colocar em benefício da paz em África a experiência adquirida por Angola, com a resolução do seu conflito interno que, após várias décadas, ficou resolvido de forma definitiva por via de um diálogo inclusivo entre as partes beligerantes”, salientou.
João Lourenço ressaltou que esta experiência permitiu ao país aprender que “não há paz sem diálogo e não há paz sem concessões de parte a parte.”
Na sua ótica, este é um caminho que não pode ser negligenciado no contexto de todos os esforços a desenvolver, para se resolverem as graves crises de segurança que o mundo enfrenta atualmente.
No tocante ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o estadista angolano destacou que a solução para o mesmo passa por via negociada, assente na observância dos princípios das Nações Unidas, que salvaguardam a soberania dos Estados, a indivisibilidade e integridade territorial dos países.
-0- PANA JA/DD 25setembro2024