Criação de búzio reduz ameaças à natureza em São Tomé e Príncipe
São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - O alto consumo e a exportação excessiva do búzio vermelho, em São Tomé e Príncipe, obrigou à criação deste molusco pelas famílias residentes no mundo rural com a finalidade de reduzir as ameaças à natureza, soube-se de fonte oficial, em São Tomé.
Na roça Lembá, no norte da ilha de São Tomé, concretamente em Santa Catarina, Hermínio Cobra, um agricultor de 62 anos de idade, é um dos beneficiários do Projeto de Produtos Florestais não Lenhosos (PPFNL)
O agricultor recebeu, na sua parcela, visita de rotina da equipa técnica da Alisei (organização não governamental italiana), que auxilia os beneficiários a implementarem com sucesso a criação do búzio.
Ele conta que a criação desse molusco tem vantagens, uma vez que se alimenta essencialmente de verduras. « Aquilo que eu como eu também lhe dou, como fruta, pão, banana, coco e casca de ovos, entre outros, para que a sua carne tenha muito cálcio”, afirmou.
Hermínio Cobra diz que nunca pensou em criar búzios em toda sua vida, mas que no passado já percorreu quilómetros e quilómetros para apanhar búzios para alimentar a sua família.
Estudos da Direção Geral do Ambiente de São Tomé e Príncipe indicam que o búzio está a diminuir, devido ao consumo excessivo no mundo rural e pela população de uma forma em geral.
O búzio vermelho é a terçeira fonte de proteína mais consumida, no arquipélago, depois do peixe e da carne de porco.
A sua criação representa uma fonte alternativa económica para as famílias mais desfavorecidas do mundo rural e, ao mesmo tempo, permite reduzir a presença constante dos homens nas florestas, que acabam por caçar pássaros e outras plantas endémicas.
Na ilha de São Tomé, diariamente baldes e cestas de búzio são comercializados nos mercados e uma parte é exportada para países como Angola, Portugal e Nigéria.
A criação do búzio para o consumo demora entre seis e sete meses, no quadro dei PPFL, financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e gerido pela Direção Geral do Ambiente de São Tomé e Príncipe.
O búzio vermelho faz parte de uma dezena de caracois existentes na ilha que se estima terem chegado ao arquipélago durante o comércio de escravos em embarcações provenientes dos países da África Ocidental.
-0- PANA RMG/IZ 27junho2021