Agência Panafricana de Notícias

Obasanjo em missão de observação e de paz no Senegal

Dakar, Senegal (PANA) - O antigo Presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, enviado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e pela União Africana (UA), reafirmou que veio ao Senegal para uma missão de observação e de prevenção da paz no quadro da eleição presidencial de 26 de fevereiro.

"Viemos aqui para uma missão de paz, que envolve duas partes - uma parte consagrada a uma missão de observação eleitoral e a segunda é uma missão de prevenção. As duas estão ligadas", indicou quarta-feira Obasanjo após encontros com figuras políticas e da sociedade civil.

Ele reagia às afirmações de alguns órgãos de imprensa segundo as quais ele veio ao Senegal para uma mediação entre o Presidente Aboulaye Wade e a oposição que contesta a sua candidatura para um terceiro mandato na eleição de domingo próximo.

"Não vim aqui para dizer a Abdoulaye Wade de partir, mas para observar a eleição", sublinhou o ex-Presidente nigeriano.

À frente duma delegação que integra, entre outros, o antigo primeiro-ministro togolês, Edem Kodjo, o ex-Presidente nigeriano, que chegou terça-feira a Dakar, manteve encontros, quarta-feira, com diversos atores da cena política que participarão na eleição presidencial.

Obasanjo, general reformado, indicou que pretende "ouvir todas as partes para iniciar o trabalho de observador".

"Até agora, escutamos com muita atenção para ter a informação que nos permita desenvolver a nossa observação e iniciar o nosso trabalho", explicou.

Ele reuniu-se com os candidatos Ibrahima Fall, Cheikh Tidiane Gadio, bem como com Moustapha Niasse, acompanhado por alguns membros da sua coligação, dos quais Amath Dansokho, Abdoulaye Bathily e Madior Diouf.

À saída deste encontro, Dansokho recordou a viagem do Presidente Wade à Nigéria "para dissuadir Olusegun Obasanjo de concorrer para um terceiro mandato, quando uma situação similar à do Senegal aconteceu no seu país".

Portanto, afirmou, o Presidente Wade deve aplicar a mesma lição que aconselhou a Obasanjo.

"As discussões abrangeram a situação no Senegal devido à vontade de Wade de se candidatar enquanto não tem direito. Não o aceitamos e isto não é aceite pelo povo, é um golpe de Estado constitucional, mas estamos prontos para discutir. Esperamos as propostas de Obasanjo", indicou Dansokho.

Obasanjo recebeu igualmente o coordenador do movimento cívico "Y’en a marre", Fadel Barro, para entender as aspirações da juventude senegalesa e as suas motivações.

Segundo Barro, os membros do movimento informaram-lhe da sua determinação a combater "esta regressão democrática".

O coordenador do Movimento de 23 de Junho (M23), Alioune Tine, foi também recebido pelo antigo Presidente da Nigéria e pela sua delegação para explicar os diversos contenciosos que opõem este movimento que agrupa partidos da oposição e organizações da sociedade civil ao regime.

Segundo ele, "as condições não estão reunidas para realizar o escrutínio presidencial".

Após o seu encontro com Obasanjo, o candidato Idrissa Seck exprimiu a sua esperança no bom êxito da missão do emissário da UA e da CEDEAO, antes de dizer que esperava sabedoria do Presidente Wade que "contribuiu muito para o desenvolvimento do Senegal".

Obasanjo e a sua delegação deslocaram-se ainda quarta-feira às instalações da Comissão Eleitoral Nacional Autónoma (CENA).

Quatorze candidatos concorrem à eleição presidencial de domingo, incluindo o Presidente cessante, Abdoulaye Wade, os ex-primeiros-ministros Macky Sall, Idrissa Seck e Moustapha Niassse, os antigos ministros dos Negócios Estrangeiros Cheikh Tidiane Gadio e Ibrahima Fall, o presidente da Câmara de Saint-Louis (norte), Cheikh Bamba Dieye, o advogado Doudou Ndoye, o líder do Partido Socialista (PS), Ousmane Tanor Dieng, a estilista Diouma Dieng Diakhaté, a docente universitária Amsatou Sow Sidibé, Mor Dieng, Djibril Ngom e Oumar Khassimou Dia.

No entanto, o Conselho Constitucional rejeitou as candidaturas do músico Youssou Ndour, de Kéba Keinde e de Abdourahmane Sarr.

Desde a validação da lista dos candidatos, a 27 de janeiro, confrontos entre manifestantes e as forças da segurança eclodiram em Dakar e em outras cidades do Senegal, tendo provocado uma dezenas de mortos.

A oposição e a sociedade civil, agrupadas no seio do M23, consideram ilegal a candidatura do Presidente Wade, de 85 anos, por a Constituição limitar a dois o número de mandatos presidenciais.

-0- PANA SIL/JSG/CJB/TON 23fev2012