Agência Panafricana de Notícias

Guiné-Bissau cria unidade especial de luta contra narcotráfico

Dakar- Senegal (PANA) -- A Guiné-Bissau acaba de criar uma unidade especial encarregue de conduzir ações de combate contra o tráfico de droga, revelou segunda-feira, em Bissau, o representante especial da União Africana (UA) neste país da África Ocidental, Sebastião Isata.
Em declarações à PANA no termo de um encontro com o ministro bissau-guineense da Defesa, Aristides Ocante da Silva, o enviado especial da UA precisou que a nova unidade contra o narcotráfico foi criada com o apoio de Portugal, dos Estados Unidos e da União Europeia.
Isata disse ter sido informado pelo seu interlocutor de que, com esta medida, as autoridades governamentais querem imprimir uma maior dinâmica ao combate contra o narcotráfico que já atingiu no país proporções alarmantes e periga fortemente a economia nacional.
Porém, explicou, a nova estrutura ainda carece de novos apoios externos para se dotar dos meios necessários à sua operacionalização plena e eficaz, sobretudo no domínio das telecomunicações.
As telecomunicações serão uma componente crucial para o seu desempenho, dada a complexidade de Bijagos, um arquipélago de 88 ilhas tido como o principal centro da atividade narcotraficante.
As ações incumbidas à unidade especial contra o narcotráfico deverão complementar-se com outras medidas em curso destinadas à reestruturação do sistema legal nacional no quadro de uma reforma institucional mais ampla do setor de defesa e segurança, disse.
Citando informações que lhe foram transmitidas num outro encontro com o ministro bissau-guineense da Justiça, Octávio Lopes, o emissário especial da UA indicou que o país está confrontado também com a necessidade urgente de reconstruir o seu sistema prisional.
"Todos concordam que há que se combater a impunidade, mas que é preciso construir novas cadeias, porque todo o sistema prisional do país ficou destruído, as prisões foram todas destruídas e todos os presos libertos durante os conflitos de 1998 a 1999", disse num contacto telefónico a partir de Bissau.
De acordo ainda com Sebastião Isata, diplomata angolano ao serviço da União Africana, o mesmo se aplica aos tribunais que, atualmente, "não têm instalações próprias nem condições de trabalho".
A título de exemplo, apontou o caso do Tribunal de Bissau que, segundo ele, se encontra, neste momento, a funcionar nas instalações do Ministério da Justiça.
Para toda esta empreitada, exortou, o país vai precisar da ajuda material, técnica e financeira de toda a comunidade internacional, nos planos multilateral e bilateral, uma vez que o país não tem capacidade para suportar sozinho o peso orçamental dos programas que se impõem.
A este propósito, Sebastião Isata instou os demais membros da comunidade internacional a seguir o exemplo de alguns países como Angola, que já se comprometeu a assistir técnica e financeiramente o programa de reformas do setor de defesa e segurança da Guiné-Bissau.
Para o efeito, Angola anunciou recentemente o desembolso de cerca de 30 milhões de euros e o envio de uma missão técnico- militar para ajudar na implementação das reformas preconizadas.