Agência Panafricana de Notícias

Senegal diz não haver dinheiro para julgar ex-Presidente tchadiano

Dakar- Senegal (PANA) -- O ministro de Estado senegalês e ministro da Justiça, Madické Niang, declarou sexta-feira à noite em Dakar que a África quer e deve julgar o ex-Presidente tchadiano Hisène Habré mediante um processo justo e equitativo no Senegal "mas o orçamento necessário a este processo ainda não está disponível".
Niang teceu estas declarações durante o telejornal das 20 horas nos estúdios da Rádio Televisão Senegalesa (RTS), em reação à queixa depositada contra o Senegal pela Bélgica junto do Tribunal Penal Internacional (TPI) da Haia (Países-Baixos), no quadro do caso Hisène Habré.
A Bélgica exige exige a extradição do ex-Presidente tchadiano, acusado de crimes contra a humanidade cometidos durante o seu regime de 1982 a 1990.
O Governo senegalês fez muito para o julgamento de Habré ao empreender todas as reformas constitucionais, administrativas e legislativas necessárias, defendeu Niang, sublinhando no entanto que "os meios ainda não estão reunidos e nenhum tostão foi entregue ao Senegal neste sentido".
ELe apelou consequentemente à comunidade internacional para dar um apoio financeiro "em vez de pedir a extradição do ex-dirigente tchadiano para um país que não controla o dossier".
"É preciso que cada país contribua à semelhança da União Africana e da União Europeia", martelou o ministro senegalês da Justiça antes de indicar que o Presidente senegalês, Abdoulaye Wade, sugeriu que nenhum responsável senegalês fosse implicado na gestão do orçamento deste processo "pois, ela (gestão" não cabe ao Senegal mas à União Africana".
"Porque não deixar a África resolver o problema de Habré ? Isto dá a entender que a África não está em condições de julgar os seus filhos a contas com a justiça", indignou-se Niang, sustentando que "o Senegal está à-vontade face à África e à comunidade internacional para desencadear o processo logo que os meios estejam disponíveis".
O Governo do Senegal estimou em 18 bilhões de FCFA (mais de 35 milhões de dólares americanos) o orçamento necessário à organização do processo judicial de Hissène Habré em Dakar, e prometeu contribuir com um bilhão de FCFA (cerca de dois milhões de dólares americanos) para este financiamento.