São Tomé e Príncipe recorda Rei Amador como símbolo da resistência colonial
São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) – São Tomé e Príncipe recordou sábado, 4 de janeiro, numa cerimónia solene, o dia do rei Amador Vieira, símbolo da revolta dos escravos no arquipélago, no século passado.
O ato central da efeméride decorreu na Praça da Cultura, em frente ao Arquivo Histórico de São Tomé, onde esta erguida uma imponente estátua do Rei Amador, como símbolo da resistência colonial, enquanto líder da revolta dos escravos.
Na sua intervenção durante o ato, o primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, defendeu ser necessário "construirmos heróis do presente e, se for o caso, dar a vida como aconteceu no passado, para mudar o rumo do país atual”.
Depois de depositar uma coroa de flores, no memorial de Amador Vieira, o primeiro-ministro apelou aos São-tomense a terem "um espírito combatente", para mudar a situação atual do país.
“Precisamos de amadores do presente que possam ajudar-nos a enaltecer o espírito de são-tomensidade, do amor pátrio. É preciso amarmos este país para que se possa fazer alguma coisa e, se for o caso, dar a vida, como aconteceu no passado”, afirmou.
Enquanto feriado nacional, o 4 de janeiro foi assinalado com a atuação de dois grupos culturais e a exibição de uma peça teatral no Arquivo Histórico, o que não agradou Jorge Bom Jesus, antigo bibliotecário e ex-diretor da Biblioteca Nacional e ex-ministro da Educação e Cultura manifestou a sua insatisfação com o nível de organização.
O primeiro-ministro, que discursava na presença de alguns militares e membros do seu Executivo, instou Direção da Cultura e o Ministério de tutela a transformar este ato numa cerimónia mais abrangente, convidando sobretudo jovens estudantes e professores universitários a estarem presentes.
“É um momento de passagem de testemunho, os jovens devem conhecer o nosso passado para que eles possam aprender a honrar todo o sangue, todo o suor derramado para que fossemos livres hoje”, disse
Segundo ele, a pátria prometida que os heróis da Independência (geração de utopia) sonharam "ainda não se concretizou".
Recordou que a revolta dos escravos protagonizada pelo Rei Amador que começou em Angolares, na zona sul de São Tomé, em julho 1595, e que culminou com a queima de engenhos de açúcar, “conduziu à independência nacional e política”.
“Hoje é um dia alto em termos de história das nossas comemorações. O Rei Amador, o líder da revolta dos escravos, esta figura mítica e lendária, é símbolo maior da nossa resistência cultural durante séculos o que nos elevou ao processo da Independência”.
-0- PANA RMG/IZ 05jan2020