Papa Bento XVI apela África a consolidar fé em Deus

Yaoundé- Camarões (PANA) -- O Papa Bento XVI disse quinta-feira em Yaoundé, durante uma missa para celebrar a festa do São José, que África em geral e os Camarões em particular "estão em perigo se não reconhecem o Verdadeiro Autor da Vida".
Ao inspirar-se de numerosas passagens da Bíbla, nomeadamente as relativas à vida de São José e de outros profetas, o Papa Bento XVI instou na sua homilia os Camaroneses e os Africanos a proteger as suas famílias e a velar pelos seus filhos para lhe garantir um verdadeiro sucesso.
"Hoje, quando tantas pessoas sem escrúpulos procuram impor o reina do dinheiro sem ter em consideração os mais pobres, precisamos de estar muito atentos.
África em geral e os Camarões em particular estão em perigo se não reconhecem o Verdadeiro Autor da Vida", declarou.
"Irmãos e irmãs dos Camarões e de África, vocês que receberam de Deus tantas qualidades humanas, cuidem das vossas almas! Não se deixem fascinar por falsas glórias e falsos ideais! Creiam, sim, continuem a crer que Deus, Pai, Filho, e Espírito Santo é o Único que vos adora verdadeiramente como o esperam, o Único que pode satisfazer-vos, que poder dar estabilidade às vossas vidas.
O Cristo é o único caminho da Vida", prosseguiu.
"Como em outros continentes, hoje, a família conhece no vosso país e no resto de África um período difícil que a sua fidelidade com Deus a ajudará a atravessar.
Alguns valores da vida tradicional foram perturbados", deplorou o Sumo Pontífice.
Ele explicou que as relações entre gerações evoluíram de tal maneira que elas já não favorecem como antes a transmissão dos conhecimentos antigos e da sabedoria herdada dos ancestrais.
"E, frequentemente, assiste-se a um êxodo rural comparável ao que numerosos períodos humanos conheceram igualmente.
A qualidade dos laços familiais está profundamente afectada".
"Desenraizados e fragilizados, os membros das jovens gerações, geralmente sem trabalho, procuram remédios aos seus males da vida em paraísos efémeros e artificiais importados de que sabemos que nunca conseguem assegurar ao homem uma felicidade profunda e duradoura.
Às vezes também o homem africano é obrigado a fugir fora dele e a abandonar tudo o que constituía a sua riqueza interior", sublinhou o Papa Bento XVI.
"Ele (o homem africano) está confrontado com o fenómeno duma urbanização galopante, ele deixa a sua terra, fisica e moralmente, não como Abraão para responder ao apelo do Senhor, mas para uma espécie de exílio interno que o afasta do seu ser, dos seus irmãos e irmãs de sangue e de Deus", acrescentou.
O líder da Igreja Católica saudou o trabalho notável realizado por várias associações em África que incentivam a vida de fé e a prática da caridade, antes de desejar que elas encontrem na Palavra de Deus uma retomada de força para bem levar a cabo todos os projectos "ao serviço dum desenvolvimento integral da pessoa humana em África e, particularmente, nos Camarões".
Ele instou os filhos e filhas de África a não ter medo de crer, a esperar e a amar, a não ter medo de dizer que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, e que através dele apenas que eles podem ser salvos.
"África é chamada à esperança através vocês e em vós! Com o Cristo Jesus, que se deslocou ao solo africano, África pode tornar-se o continente da esperança! Somos todos membros dos povos que Deus deu como descendência de Abraão.
Cada um de nos é pensado, desejado e adorado por Deus", acrescentou.
O Papa Bento XVI publicou, à margem desta celebração, o "Instrumentum Laboris" (documento de trabalho) da segunda assembleia especial para África do Sínodo dos bispos.
Depois dos Camarões, o Papa vai deslocar-se sexta-feira a Angola na segunda etapa da sua primeira visita a África.