Agência Panafricana de Notícias

Milhões de hectares de terra produtiva perdidos anualmente em África, alerta UA

Abidjan, Côte d'Ivoire (PANA) - Pelo menos 4.400.000 de hectares de terra produtiva são perdidos anualmente devido à desertificação, levando à subnutrição de cerca de 68.000.000 de pessoas em África, alertou a comissária da União Africana (UA), Josefa Correia Sacko.

A diplomata angolana, encarregue da Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável da UA, deu este alerta quando intervinha na X Sessão Especial da Conferência Ministerial Africana sobre o Ambiente decorrido a 5 de setembro corrente em Abidjan, sob o lema “Aumentar a Ambição de África para Reduzir a Degradação dos Solos, a Desertificação e a Seca”.

Disse, nessa ocasião, que esta situação resultou na perda de biodiversidade e de terras agrícolas produtivas, frisando que a África Subsariana suportou 22 por cento do custo global total da degradação dos solos.

Estima-se igualmente que mais de 23.000.000 de pessoas no Corno de África e 23.000.000 no Sahel enfrentam uma grave insegurança alimentar devido a esta tragédia, segundo Josefa Sacko.

“É, por conseguinte, fundamental que, enquanto continente, aumentemos os nossos esforços e ambições para combater estas questões”, defendeu.

Fez saber que, em resposta à ameaça crescente do avanço dos desertos em 2007, a UA lançou a “Iniciativa da Grande Muralha Verde” como uma solução emblemática a nível continental em resposta a esta crise, como o objetivo de recuperar 100.000.000 de hectares de terras degradadas, criar 10.000.000 de empregos e sequestrar 250.000.000 de toneladas de carbono até 2030. 

“Estas intervenções )iniciativas) têm por objetivo transformar a vida de dezenas de milhões de pessoas que vivem em zonas marginais, aumentando a sua segurança alimentar, proporcionando rendimentos adicionais e alternativos e aumentando a sua resistência às alterações climáticas”, garantiu.

Sublinhou que o relatório sobre o estado de implementação da  “Grande Muralha Verde, o caminho a seguir até 2030, mostra que, entre 2007 e 2018, foram recuperados 20.000.000 de hectares de terras e criados 350.000 postos de trabalho através da diversificação das atividades económicas e da regeneração dos rendimentos, melhorando assim a qualidade de vida de milhões de pessoas no Sahel. 

Neste particular as receitas das atividades geradoras de rendimentos ascenderam a 90.000.000.000 de dólares em  11 países, designadamente Burkina Faso, Tchad, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal e Sudão.

À margem desta reunião especial, a Comissão da UA organizou, em conjunto com a sociedade civil e os parceiros do “ClimDev África”,  uma 12.ª Conferência sobre Alterações Climáticas e Desenvolvimento em África (CCDA-XII, sigla em inglês), tendo a conferência destacado a necessidade de uma posição comum africana coerente e baseada em provas sobre as principais questões da implementação das respostas ao “Global Stocktake”, incluindo o financiamento interno.

Ainda sobre as  necessidades e os desafios de África, ligados as perdas e danos derivados das alterações climáticas, antropogénicas e catástrofes, bem como à adaptação, ao acesso e a tecnologias, assim como ao comércio de carbono, foi proporcionada uma plataforma para a popularização do plano de ação para a economia circular continental, a fim de incentivar a sua adoção e domesticação a nível nacional e regional, segundo a responsável.

-0- PANA JF/DD 9setembro2024