Líbia reitera sua recusa de suportar sozinha fardo de imigração clandestina
Tripoli, Líbia (PANA) - A Líbia recusa-se a suportar sozinha o fardo da imigração clandestina e não se tornará, de maneira alguma, “uma zona de reinstalação de migrantes”, declarou o ministro líbio interino do Interior, o general Imad Mustafa al-Trabelsi.
Num discurso durante uma reunião alargada decorrida segunda-feira última em Tripoli, o general al-Trabelsi afirmou que a “soberania e a segurança nacionais líbias passam em primeiro lugar.”
Neste encontro que agrupou alguns embaixadores e encarregados de negócios de países europeus, representantes da Missão da União Europeia (UE), da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o general indicou que as crises com as quais a Líbia está confrontada aumentaram a complexidade da questão da migração.
As estimativas de estatísticas indicam a presença de mais de quatro milhões de migrantes no interior do território líbio, disse al-Trabelsi, frisando que isto representa um desafio securitário e económico extremamente grave.
Citado num comunicado do Ministério líbio do Interior, o general alertou para um fluxo contínuo e descontrolado de migrantes que, a seu ver, agrava a situação securitária e social, não só na Líbia, mas em toda região.
No seu entender, a solução final para a migração clandestina começa pela criação de condições de segurança nas fronteiras do sul, e não só pelo controlo das costas, como o depende a UE.
Reiterou que a Líbia não aceitará servir de escudo protetor aos outros sem receber apoio necessário em contrapartida, apelando consequentemente aos países da UE e aos afetados por este fenómeno para assumirem as suas responsabilidades, dando um apoio eficaz à Líbia e reforçando a segurança nas suas fronteiras do sul.
Também lhes pediu para fornecerem equipamentos e tecnologias modernas a fim de controlarem movimentos ilegais, acelerando o repatriamento voluntário dos migrantes ilegais em coordenação com organizações internacionais.
Defendeu a luta contra redes de contrabanso e tráfico de seres humanos com medidas estritas alvejando focos de crime organizado.
Sublinhou igualmente a necessidade de se lançar projetos de desenvolvimento nos países de origem da migração a fim de cortar as raízes do fenómeno.
A Líbia sofreu enormes danos devido a repercussões da migração clandestina e. por isso, não está em condições de suportar novos encargos sem nenhum apoio internacional claro e eficaz, deu a conhecer.
Mencionou ainda o caos resultante da falta de registo dos migrantes, o aumento das taxas de criminalidade e da exploração deste fenómeno por grupos armados envoltos no tráfico de seres humanos que, na sua ótica, constituem uma ameaça direta à segurança líbia e regional.
Concluindo, o general sublinhou que a Líbia não permitirá que o seu território seja explorado para promover projetos que ameacem a sua própria estabilidade.
Disse ser de opinão que, para se lutar eficazmente contre o fenómeno, é precisa uma verdadeira parceria baseada em compromissos equilibrados entre a Líbia, a UE e a UA.
Nos últimos anos, a Líbia, devido à sua posição de ser, ao mesmo tempo, um país de trânsito e de destino para migrantes, está confrontada com importantes ondas migratórias, em que alguns migrantes são vítimas de redes de passadores, de traficantes ou de tráfico de pessoas, que se aproveitam da insegurança para os explorarem, organizando viagens a bordo de barcos inapropriados a todo o risco, rumo às costas europeias.
-0- PANA BY/JSG/DD 18março2025