Agência Panafricana de Notícias

Lançada na Tunísia Trienal da Educação em África

Túnis, Tunísia (PANA) - A Trienal de 2011 para a Educação e Formação em África, prevista para Dezembro próximo em Ouagadougou, a capital do Burkina Faso, foi oficialmente lançada sexta-feira à noite, em Túnis, na presença de várias personalidades governamentais e representantes de instituições continentais e internacionais interessadas.

Além dos responsáveis da Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA), organizadora principal do evento, vários ministros africanos estiveram presentes na cerimónia de lançamento oficial da Trienal cujo objetivo essencial é, segundo peritos, enfrentar o desafio da melhoria da qualidade da educação em África.

A Trienal visa favorecer uma adesão aos imperativos duma conjuntura marcada pela globalização, em particular a adaptação dos sistemas educativos para formar competências que respondam às necessidades das empresas e do mercado do emprego, indicaram os mesmos peritos.

Entre os intervenientes na cerimónia estiveram os ministros da Educação da Tunísia, Hatem Bem Salem; do Quénia, Sam Ongeri, também presidente dos Bureaux de Ministros Africanos da Educação da ADEA e da Conferência dos Ministros Africanos da Educação da União Africana (COMEDAF); e a ministra do Ensino Básico e Alfabetização do Burkina Faso, país anfitrião da Trienal de 2011, Odile Bonkoungou, que defenderam todos "reformas radicais" para aperfeiçoar o setor educativo nos países africanos.

No mesmo sentido, foi endereçada aos participantes uma mensagem vídeo do ex-Presidente do Gana, John Agyekum Kufuor, seguida de intervenções do vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Kamal Elkheshen, e do presidente e do secretário executivo da ADEA, Dzingai Mutumbka e Ahlin Byll-Cataria, respetivamente.

Sob o lema " Educação e Formação ao Serviço do Desenvolvimento Sustentável em África ", a Trienal é, segundo a ADEA, "o maior evento (educativo continental) , tanto a nível da participação, com nomeadamente cerca de 60 ministros esperados, como do teor das discussões orientadas para um trabalho aprofundado de investigação e de concertação entre atores da educação e da formação ".

Ela visa "promover os conhecimentos, as competências e as qualificações críticas suscetíveis de enfrentar o desafio do desenvolvimento sustentável em África ".

Neste contexto, a ADEA propõe-se "mobilizar todos os responsáveis políticos, económicos e sociais em torno da necessidade de conceber sistemas de educação e formação eficazes e pertinentes".

"Como os países africanos podem conceber e aplicar nos contextos atuais e futuros reformas e inovações que transformem estes sistemas para produzirem eficazmente uma massa crítica de competências para o desenvolvimento sustentável ? " Esta é a questão a que a Trienal de Ouagadougou é chamada a responder, segundo os seus organizadores.

A questão é crucial na medida em que os sistemas educativos atuais, apesar dos "progressos consideráveis registados", engendram "resíduos enormes".

Segundo Richard Walther, consultor internacional em educação, 50 a 70 porcento de pessoas abandonam o sistema educativo à idade de 12 a 13 anos. Entretanto, apenas cinco porcento beneficiam do ensino técnico, ao passo que as necessidades dos países africanos neste domínio situam esta proporção em 50 porcento.

Para remediar esta situação, este perito defende uma mudança de paradigma e preconiza a consideração das vias tradicionais de promoção das competências para as fazer evoluir para uma aprendizagem renovada em relação às exigências do mundo profissional e das necessidades do desenvolvimento.

"A Trienal da Educação em África deve, por conseguinte, fazer com que o máximo de jovens sejam formados em função da procura das empresas e da sociedade, o que não deixará de estimular a atividade económica capaz de favorecer o desenvolvimento sustentável ", resumiu.

Sobre a questão da vontade política para atingir esta meta, o coordenador da Trienal de 2011, Mamadou Ndoye, ex-ministro da Educação do Senegal, indicou que "não são as declarações e os discursos políticos, mas as dotações orçamentais concedidas a este setor, que permitem considerar que a educação é verdadeiramente uma prioridade ou não para os Governos".

-0- PANA BB/JSG/SOC/FK/Z 5Dez2010