Civics expostos a um grande risco de abusos no leste congolês, alerta HRW
Nairobi, Quénia (PANA) – Civis estão expostos a um grande risco de abusos, desde que as forças rwandesas e o grupo armado M23 tomaram a cidade de Uvira, na província de Kivu-Sul, no leste da República Democrática do Congo (RDC), a 10 de dezembro de 2025, alertou a Human Rights Watch (HRW).
Estas forças, bem como o exército congolês e os seus aliados, deviam facilitar a passagem, com toda segurança, dos civis que fogem dos combates e fazer com que a ajuda humanitária chegue a todos que dela precisam, declarou a organização internacional de defesa dos direitos humanos num comunicado.
Na noite de 9 de dezembro de 2025, o M23 e as forças rwandesas irromperam pela Uvira, após uma semana de combates que repeliram as forças militares congolesas e burundesas, bem como uma coligação de milícias conhecidas como Wazalendo, lê-se no documento.
O uso de drones de ataque, da artilharia pesada e de outras armas fizeram 74 mortos e 83 feridos entre os civis, segundo a Orgabnização das Nações Unidas (ONU) e a imprensa.
Perto de 200.000 pessoas fugiram dos combates, das quais mais de 30.000 atravessaran a fronteira com o Burundi.
"Os acordos de Washington assinados (a 5 de dezembro de 2025) para resolver a situação no leste do Congo não permitiram nem sequer acesso à ajuda humanitária para os civis perto de Uvira, no Kivu-Sul", çamentou Clémentine de Montjoye, pesquisadora sénior sobre os a Região dos Grandes Lagos junto da HRW.
“As partes beligerantes continuam a cometer atrocidades e entravar a ajuda humanitária, e devem ser responsabilizadas pelos seus atos”, advertiu.
A situação humanitária em Uvira e nos arredores está desastrosa, os hospitais e centros de saúde colapsaram enquanto a ajuda humanitária diminuiu devido à falta de acesso e de fundos, indica o documento.
A HRW citou refugiados no Burundi como tendo declarado receber quase nada como ajuda.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) suspendeu a sua ajuda em todo Kivu-Sul, segundo a mesma fonte.
A HRW pediu às autoridades rwandesas e do M23 para garantirem o acesso aos produtos essenciais à sobrevivência da população, como água, mantimentos e medicamentos.
Citando fontes militares e onusinas, informou que vários milhares de soldados rwandeses, incluindo forças especiais, atravessaram a fronteira com a RDC nas últimas semanas.
Durante a primeira semana de dezembro corrente, as forças rwandesas e as do M23 tomaram o controlo das cidades e aldeias situadas na estrada conducentes a Uvira, nomeadamente Luvungi, Mutarule e Sange, segundo o comunicado.
Tensões crescentes e graves violações do direito internacional humanitário cometidas pelas partes em conflito aumentaram as inquietudes concernentes à segurança dos civis no Kivu-Sul.
Depois de ter tomado Goma e Bukavu, respetivamente as cidades capitais das províncias de Kivu-Norte e Sul, no início do ano de 2025, os combatentes do M23 cometeram desmandos generarilizadas, nomeadamente execuções sumárias, campanhas de recrutamente forçado e violações sexuais.
Transferiram ilegalmente cidadãos congoleses e refugiados rwandeses para o Rwanda.
A nota indica que vários defensores dos direitos humanos e jornalistas em Uvira e nos territórios novamente ocupados exprimiram o seu receio de sofrer represálias para o seu trabalho, como alguns o fizeram após a tomada de Goma e Bukavu.
A HRW exortou os Estados Unidos, a União Europeia e a União Africana a acrescentar a sua ajuda humanitária e fazerem pressão sobre os governos do Burundi, do Congo e do Rwanda a fim de acordarem prioridade à proteção dos civis, garantirem o acesso humanitário e abrirem uma passagem segura aos civis que procuram a fugir dos combates.
“A situação em que se encontram os civis de Kivu-Sul torna-se cada vez mais perigosa, e as necessidade humanitárias são enormes”, deu a conhecer Montjoye.
-0- PANA MA/NFB/JSG/DD 15dez2025

