Agência Panafricana de Notícias

Angola realça compromisso de África em transformar sistemas agroalimentares

Roma, Itália (PANA) - A declaração de Kampala do programa abrangente de desenvolvimento da agricultura de África, a vigorar em janeiro de 2026, renova o compromisso coletivo do continente africano em transformar os sistemas agroalimentares de forma a garantir resiliência, inclusão e sustentabilidade para as gerações futuras, declarou a embaixador de Angola em Roma (Itália), Josefa Correia Sacko.

A também representante permanente de Angola junto das agências da Nações Unidas nesse país europeu fez estas declarações esta segunda-feira, em Roma, quando participava num fórum  sob o lema "Acelerando a implementação da Declaração  de Kampala para a transformação dos sistemas agroalimentares: lições aprendidas a nível nacional.

Assegurou nesta ocasião que o cerne do CAADP (Programa Integrado de Desenvolvimento de Agricultura em África) é o foco na apropriação nacional, na formulação de políticas baseadas em evidências, na responsabilidade mútua e na participação inclusiva.

O fórum organizado pela Akademya2063,  Organização Pan-africana de Agricultores (PAFO) e pela GAFSP (Programa de Segurança Alimentar e de Agricultura Global) serviu para tirar lições e apelar à ação coletiva na mobilização de recursos, de forma proativa, e adotar mecanismos de financiamento inovadores para que o novo programa agricola pós-Malabo seja efetivamente implementada.

Sublinhou que a declaração de Kampala se baseia nos princípios e alarga o âmbito do CAADP, abordando desafios emergentes como alterações climáticas, a nutrição, o emprego para os jovens e a inclusão social nos sistemas agroalimentares que reforçam  a visão de África no âmbito da declaração de Malabo, da Agenda 2063 da União Africana e dos objetivos de  desenvolvimento sustentável.

A também ex-comissária da União Africana para o Departamento da Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável (2017-2025) disse que após as lições aprendidas em 20 anos do CAADP,  se notou que é realemnte possível obter-se resultados positivos na agricultura no continente africano quando há forte vontade política, coordenação estratégica e visão de longo prazo.

“Fizemos progressos significativos em áreas como investimento público, melhoria dos quadros políticos e reforço dos mecanismos de responsabilização. No entanto, também reconhecemos que a implementação tem sido, por vezes, desigual, muitas vezes desligada dos processos de planeamento nacional. Além disso, prioridades globais concorrentes têm pressionado os nossos governos nacionais”, reforcou Josefa Sacko.

No seu entender, a medida que se aproxima o início do novo programa da agricultura, é fundamental que os governos, sob a liderança da União Africana e das comunidades económicas regionais, unam todas as partes interessadas dos sistemas agroalimentares, nomeadamente agricultores, o setor privado, a sociedade civil e instituições de investigação.

“Esta abordagem inclusiva e participativa será essencial para construir a apropriação, promover a responsabilização e garantir que a próxima década do CAADP contribua para o crescimento inclusivo e uma mudança verdadeiramente transformadora em todo o continente”, defendeu a embaixadora de Angola na Itália.

Salientou que a declaração de Kampala do CAADP fornece um quadro unificador e orientado para a ação de transformar os sistemas agroalimentares de África. Contudo, para que esta transformação seja bem-sucedida, serão necessários, mais do que apenas um compromisso político, inovação sustentada, responsabilidade e esforços colaborativos em todo o continente.

A Declaration de Kampala sobre os sistemas agroalimentares resilientes e duradouros em África, adotada durante uma cimeira extraordinária da  União Africana, em janeiro de 2025 em Kampala, no Uganda. 

-0- PANA JF/DD 27out2025