Agência Panafricana de Notícias

800.000 civis em situação humanitária cada vez degradante no oeste do Sudão, diz ONU

Nova Iorque, Estados Unidos (PANA) - A situação humanitária de 800.000 civis em El Fasher, no oeste do Sudão, e em zonas circundantes de Darfur-Norte (oeste) continua a deteriorar-se devido a confrontos armados entre as o Exército Nacional e as Forças de Apoio Rápido (rebelião), alertou o porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU), Stephane Dujarric.

Combates terão forçado milhares de pessoas a fugirem desde 10 de maio corrente e feito centenas de vítimas civis, denunciou Dujarric em entrevista à imprensa em Nova Iorque, sede da ONU.

"Infelizmente, no Hospital Sul d'El Fasher, o único funcional por enquanto neste Estado, restam apenas 10 dias de abastecimento. É urgente que seja reabastecido o hospital", recomendou. 

O Exército sudanês e as forças rivais enfrentam-se desde abril de 2023, desencadeando uma crise humanitária sem precedentes no país, com 18.000.000 pessoas famintas e 5.000.000 outras à beira da fome.

Segundo Dujarric, mais de uma dúzia de camiões transportanto ajuda para mais de 121.000 pessoas tentam atingir El Fasher há mais de um mês, mas a insegurança impede-os de lá chegarem.

No tocante à região de Darfur, o porta-voz da ONU disse que, apesar da insegurança e graves dificuldades de acesso, um camião do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas pôde penetrar, quinta-feira última, em Darfur-Norte, a partir do Tchad.

O mesmo transportava 1.200 toneladas de alimentos e produtos nutricionais destinados a 117.000 pessoas, acrescentou.

A seu ver, é essencial que estes automóveis sejam autorizados a prosseguir direta e seguramente o seu caminho com destino a Darfur Central e Darfur Sul.

Precisam de um acesso transfronteiriço, defendeu.

Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) assinalou que o sistema de saúde no Sudão se desmoronou, em particular em zonas de difícil acesso, com instalações destruídas, saqueadas ou confrontadas com uma penúria de pessoal.

Segundo Christian Lindmeier, porta-voz da OMS, apenas 30 por cento dos estabelecimentos sanitários funcionavam ainda a um nível mínino, enquanto apetrechos médicos só respondem a aproximadamente um quarto das necessidades humanitárias.

O entreposto da OMS no Estado de Al Gezirah está inacessível desde dezembro último, lamentou, acrescentando que certos Estados, como Darfur, não receberam apetrechos médicos há um ano.

"Pessoas com diabetes, hipertensão arterial, cancro ou insuficiência renal arriscam-se a sofrer complicações ou morrer devido à falta de tratamento.

Paralemente, epidemias multiplicam-se, tendo já sido registados mais de 1.300.000 casos de paludismo, 11.000 de cólera, mais de 4.600 de sarampo e 8.500 de dengue, informou, alertando que as mesmas, incluindo a de hepatite E, se propagam para o Tchad. 

Até ao momento, a l'OMS assistiu cerca de 2.500.000 pessoas, dando um apoio direto aos serviços e fornecendo material médico de emergência.

Cinquenta mil pessoas no Sudão receberam cuidados médicos em clínicas móveis, e 433.000 refugiados sudaneses foram tratados em idênticas circunstâncias no leste do Tchad.

Material médico foi distribuído no quadro de operações transfronteiriças a partir do Tchad e do Sudão do Sul.

Trata-se de meios como aparelhos de traumatologia de mergência, medicamentos antibióticos e testes rápidos de despistagem da dengue. 

"Nos últimos meses, esforços envidados pela OMS e pelos seus parceiros permitiram reduzir o número de cados de cólera, dengue e paludismo", regozijou-se Lindmeier. 

Perto de 4.500.000 pessoas receberam vacinas oral contra a cólera em seis Estados de alto risco, e equipas distribuíram medicamentos e material médico para o tratamento de 115.000 crianças sujeitas a uma desnutrição aguda severa, com complicações médicas, revelou a OMS.

-0- PANA MA/NFB/JSG/DD 27maio2025