80 por cento de população de Lúrio fogem para mato em Moçambique, alerta ONU
Maputo, Moçambique (PANA) – Oitenta por cento da população de Lúrio e Mazula (cerca de 128 mil pessoas) fugiram para o mato ou outros distritos, face à intensificação dos ataques coordenados lançados por grupos armados não estatais na província de Nampula (nordeste de Moçambique), desde 10 de novembro corrente, segundo agências humanitárias das Nações Unidas.
“Os primeiros relatórios indicam que casas foram incendiadas, incluindo uma escola. Também mencionam bens pilhados e civis mortos, feridos ou raptados”, declarou o Escritório da Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) no seu último relatório.
O mesmo documento revela igualmente importantes movimentos da população no distrito de Memba e habitantes das zonas circundantes em Lúrio Sede, bem como certas famílias que atravessam o rio Lúrio rumo a Mecúfi (província de Cabo Delgado, nordeste), segundo a ONU Info, órgão de informação onusino.
A 10 de novembro corrente, grupos armados não estatais teriam atravessado o rio Lúrio, no distrito de Chiúre (província de Cabo Delgado) e lançado ataques contra a aldeia de Cucune, situada no posto administrativo de Lúrio, district de Memba, província de Nampula.
Por conseguinte, Mazuva está largamente deserto, disse a mesma fonte.
Embora ainda não haja nenhuma concentração importante em Memba Sede, deslocações progressivas tiveram lugar, tendo civis abandonado a zona por medo de eventuais novas ondas de violência, revela o OCHA.
Do seu lado, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) assinala que Alua acolhe atualmente um maior número de pessoas deslocadas, estimadas, segundo um recenseamento rápido efetuado a 17 de novembro corrente, em 2.830 famílias, ou seja, um universo de oito mil almas vivas.
Estes novos movimentos populacional segue-se aos ataques perpetrados em outubro último por grupos armados não estatais nos distritos de de Memba e Erati.
Mais de 37 mil pessoas deslocaram-se para Alua, no distrito de Erati, e para o distrito vizinho de Mecúfi.
As autoridades escolares assinalam a suspensão das aulas em 33 escolas de Chipene e Lúrio, uma medida que, sublinharam, afeta mais de 20 mil alunos e 160 docentes, desde o início dos ataques em finais de setembro último.
A situação dá um novo golpe durop às comunidades dá fragilizadas por sucessivas catástrofes naturais.
No início de 2025, os distritos de Erati e Memba foram sacudidos por furacãos, que devastaram lares e limitaram seus recursos face a novos choques.
A estas vulnerabilidades se junta uma epidemia de cólera, que impera no distrito de Memba, onde 217 casos foram recenseados desde finais de setembro último.
Face a esta situação emergencial, o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a OIM dão ajuda aos deslocados.
Cada lar recebeu um kit contendo géneros alimentícios e artigos não alimentares, nomeadamente produtos de higiène, incluindo para mulheres.
“Todavia, acatando conselhos das autoridades, os nossos parceiros em Nampula disseram que missões humanitárias não serão desdobradas imdediatamente em Memba devido a operações militares levadas a cabo contra grupos armados não estatais, enquanto se espera que a situação de segurança melhore”, de acordo com a mesma fonte.
-0- PANA MA/NFB/JSG/DD 19novembro2025

